Antes mesmo de o presidente Jair Bolsonaro bater o martelo sobre a reforma da Previdência , a equipe econômica já vinha fazendo uma articulação com parlamentares e governadores em favor da proposta nas últimas semanas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, está à frente desse processo, com a participação do secretário de Previdência, Rogério Marinho. Ambos apresentaram a reforma a Bolsonaro nesta quinta-feira no Palácio da Alvorada.
Segundo Marinho, desde a abertura dos trabalhos do Legislativo, ele já recebeu 40 parlamentares, além de representantes de entidades de classe e do ministro da Justiça, Sérgio Moro. A ideia é intensificar esse trabalho assim que for escolhido o relator da matéria. O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) é um dos que têm procurado se credenciar para relatar a reforma na Câmara. O presidente da casa, Rodrigo Maia, também participa do processo de articulação da reforma.
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Com uma crise política instalada no Palácio do Planalto envolvendo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, e o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, a articulação em favor da reforma por parte do núcleo político ficará por conta do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Integrantes da equipe econômica gostam da ideia. Eles afirmam preferir Onyx, pois desconfiam da habilidade política do ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, que hoje comanda a Secretaria Especial de Comunicação (Secom). Já Maia avalia que Bebianno também seria uma força importante em favor da reforma.
Após se reunir com Marinho nesta quinta, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) disse que conversou com o secretário sobre a estrutura de comunicação para divulgar a reforma:
– Nossa guerra é de narrativa. A gente sabe que a tropa da esquerda vai vir com a guerra de narrativa. Essa reforma cuida dos mais pobres.
O Palácio do Planalto já trabalha com protótipos da campanha para esclarecer a população sobre a importância das mudanças no regime de aposentadorias do país. Segundo auxiliares, a palavra “reforma” não será usada nas peças publicitárias, que terão como mote uma “nova Previdência”. Justiça social e igualdade são as palavras de ordem para mostrar que os mais pobres não serão prejudicados e que todos vão dar a sua cota de sacrifício para criar um regime de aposentadorias sustentável.
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Também será feito um apelo sobre a importância da aprovação das novas regras para equilibrar as contas públicas, fazer o país crescer e gerar empregos. O ataque direto aos privilégios deve ser evitado para não repetir o que aconteceu na campanha do ex-presidente Michel Temer, quando ganhou o contra-ataque de entidades representativas dos servidores públicos. O plano é disparar a campanha assim que o texto oficial for divulgado e encaminhado ao Congresso Nacional.
Fonte: “O Globo”