As primeiras impressões dos movimentos iniciais do presidente eleito Jair Bolsonaro são alvissareiras. Formou um ministério, já reduzido de 29 do ciclo Temer para algo entre 15 e 16, e várias pastas acabaram unidas. Uma foi a da economia, reunindo agora Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio, embora esta última gerando alguma reação das categorias classistas da área empresarial. Tivemos também a junção da Cidade com Infraestrutura, incorporando também Transportes, Agricultura e Meio Ambiente, Educação com Esporte e Cultura e na Casa Civil, acabando com vários penduricalhos criados no ciclo petista. Outros ministérios acabaram extintos como da Pesca, Direitos Humanos, incorporado, Reforma Agrária.
A tacada de mestre, no entanto, veio do convite a Sergio Moro, juiz símbolo do combate à corrupção e da Lava-Jato, para comandar o super ministério da Justiça. Muitos da oposição já trataram de chiar, por condenar o ato viesado da nomeação, mas tal acusação não se sustenta. Teríamos que citar absurdos como Eduardo Cardozo, enquanto ministro da Justiça da Dilma, atuando como advogado de defesa de Lula e da “presidenta”, não atuando como ministro de Estado. Não faz sentido também esta acusação de Moro ter atuado politicamente nas eleições. Ele apenas colocou os processos para andar e todos os outros trâmites, inclusive, na delação de Pallocci. Soma-se ao fato de que Lula e acusados da Lava-Jato são réus e não perseguidos políticos.
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Sergio Moro foi convidado pela grande atuação como juiz na Lava-Jato, por ter conseguido destrinchar o maior caso de corrupção da história moderna. Foram 8,7 trilhões de reais surrupiados dos cofres públicos a da Petrobras. Uma vergonha! Isso sim um escândalo mundial e não a eleição de Jair Bolsonaro. Longe da prisão de Lula e seus asseclas ser perseguição política, visto que muitas das acusações acabaram urdidas de pessoas ligadas aos esquemas do partido. Os executores delataram seus mentores.
Moro assume a justiça com ampla autonomia de ação, já colocando em pauta o aprofundamento das operações de combate à corrupção. Incorpora a secretaria de Segurança, a Polícia Federal, e Política Rodoviária e o COAF. Brasília deve começar a colocar suas barbas de molho. Muitos consideram que a Lava-Jato pode perder espaço. Não achamos. Pelo contrário, quem devem assumir é a durona juíza substituta Gabriela Hardt.
Outra novidade veio do fortalecimento da área econômica, com Paulo Guedes como super ministro. Assertivo e firme nas suas posições liberais, Guedes, doutor por Chicago, deve colocar seu bloco na rua já este ano, encaminhando a independência do BACEN e a PEC da Previdência aprovada ao menos na Câmara. Agora faltam nomear os presidentes do BACEN, do BNDES, da CEF e do BB. Nomes devem ser sondados também para o Tesouro. Dizem que serão muitas secretarias sobre o seu chapéu. No BACEN, Ilan Goldfajn pode até continuar se esta independência sair mesmo. Que assim seja!