Uma operação de Certificado de Recebíveis Agrícolas (CRA) emitida para um grupo de sete produtores rurais do Centro-Oeste recebeu o selo verde da Climate Bonds Initiative (CBI), organização internacional sem fins lucrativos que é referência global para certificações de títulos verdes.
Batizada de CRA Verde.Tech, a operação, no valor total de R$ 63,3 milhões, foi estruturada em uma parceria entre a Produzindo Certo, consultoria de gestão socioambiental para o agronegócio, a Traive Finance, fintech de análise de risco de crédito para o agro, e a Gaia Impacto, securitizadora de CRA especilizada em operações socioambientais.
A operação, que atraiu fundos de investimentos estrangeiros, está vinculada a uma série de metas de desempenho sócio ambiental que precisam ser atingidas pelos produtores, além de compromissos produtivos e financeiros, e abre caminho para o agricultor de médio porte que respeita as regras ambientais acessar fundos internacionais a um custo mais baixo.
O CRA Verde.Tech é a terceira operação do Brasil e também do mundo a receber a certificação de acordo com os novos critérios agrícolas da CBI, estabelecidos em outubro do ano passado em conformidade com o Climate Bonds Standard — ferramenta de triagem internacional para investidores e governos que é uma chancela de confiabilidade para assegurar que os títulos ditos climáticos e verdes estão de fato contribuindo para mitigar os efeitos do aquecimento global.
As duas outras operações a receber a certificação da CBI foram da Rizoma Agro, que emitiu em setembro um CRA Verde de R$ 25 milhões e da Solinftec, empresa de tecnologia de monitoramento agrícola, que levantou, no mês passado, R$ 140 milhões.
Para emitir os CRA Verde.Tech, os sete produtores assumiram o compromisso de preservar 24.667 hectares de áreas protegidas com vegetação nativa intacta, sendo 2.505 hectares de matas ciliares no entorno de 387 quilômetros de rios e 141 nascentes.
— A certificação da CBI referenda nossos esforços em criar condições para que os produtores responsáveis sejam valorizados através da obtenção de recursos e taxas diferenciadas, por ser um atrativo aos fundos internacionais de investimentos. Dar a opção ao médio produtor de participar desse mercado, que até então tem atraído apenas grandes empresas do agro nacional, é muito entusiasmante — diz Aline Locks, CEO da Produzindo Certo.
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Produzindo Certo, Traive e Gaia Impacto devem reproduzir a mesma operação com outros grupos de proprietários rurais de outras regiões, facilitando a captação de recursos junto a investidores estrangeiros.
Segundo Mauricio Quintella, sócio e COO da Traive, esse tipo de operação tem potencial de alcançar um volume de R$ 6 bilhões em três anos.
Fonte: “O Globo”, 14/06/2021
Foto: Reprodução