Há 20 anos o Brasil dava (atrasado) a largada em seu processo de comercialização de linhas de telefone celular.
Lembro que precisávamos entrar numa fila de espera e pagar valores correspondentes a um automóvel popular por uma linha que, diga-se de passagem, não funcionava quase em lugar algum.
Quando chegaram por aqui, os aparelhos pesavam quase um quilo, somente a habilitação da linha custava em torno de US$20 mil em valores da época e, ao invés das diversas funções de hoje, os celulares apenas faziam e recebiam ligações (isso quando havia cobertura na área).
De lá para cá, ocorreram as privatizações no setor, o acirramento da concorrência e hoje qualquer um pode ter um número de celular pagando apenas R$ 5,00 numa banca de jornal.
A coisa ficou tão prosaica que o cidadão pode ter duas, três e até quatro linhas, uma de cada operadora, instaladas em aparelhos que aceitam múltiplos chips.
Tudo bem que o serviço ainda deixa a desejar, mas qual outro setor poderia ter se democratizado e avançado tanto se ainda fosse administrado pelo governo?
Estado, aliás, que ainda faz mau uso dos recursos destinados à parte do sistema de telecomunicações pelo qual ainda é responsável, como bem observou Ethevaldo Siqueira, que demonstrou que dos R$ 62,4 bilhões arrecadados entre 2001 e 2012, sob forma de confisco dos fundo setoriais, apenas 3% foram aplicados nas suas finalidades legais, que são obras e melhorias na infraestrutura das telecomunicações.
Sabe por quê? Porque o Estado não tem acionistas cobrando resultados, tem apenas “contribuintes” que são tungados sob pena de sanções legais, mas que não podem dar um mísero palpite no uso que será feito do seu dinheiro, restando-lhe, no máximo, reclamar para comissários do governo que fazem ouvidos moucos.
Por isso esta data que marca os 20 anos do início da telefonia celular no Brasil, junto com os 15 anos da privatização das telecomunicações, serve para demonstrar como não existe vida sustentável para os negócios fora do capital privado, das regras do mercado, da livre concorrência.
Daí que se hoje nossa telefonia é ruim, com as operadoras de celular que estão aí cheias de queixas no Procon, tenha certeza de que seria muito pior sem elas.
Na dúvida se imagine dependendo da rede 3G de uma Celularbrás para acessar os seus e-mails, fazer uma pesquisa ou simplesmente consultar um GPS numa emergência.
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