Algumas profissões resistem à ação do tempo. Um indivíduo do século XIX que visitasse hoje um escritório de advocacia sentir-se-ia em casa ao encontrar o advogado engravatado esgrimindo palavras empoladas atrás de uma mesa de jacarandá. Mesmo com a informática atuando nos bastidores, os tribunais mantêm o passo lento e no Brasil a justiça tarda, falha e falta. Os consultórios médicos também pouco mudaram, mas a tecnologia atrás da cena é revolucionária. Um dentista da década de 1950 ficaria hoje embasbacado diante da ortodontia e da implantologia. Provavelmente festejaria a ausência do odor nauseabundo que assombrava a memória dos clientes. Outras profissões, como o jornalismo, fertilizadas pela criatividade, geraram inúmeras ramificações. Assim era quando o tempo não tinha pressa. Hoje a tecnologia azafamou o ritmo das transformações em todas as áreas. O relógio da IA excita o tempo. Por mais paradoxal que pareça a única atividade que não muda é a ação do empreendedor que é a mesma nos últimos 10 mil anos porque transformações são e sempre serão a sua matéria prima e o seu resultado. Ao inovar o empreendedor dispara um ciclo de mutações. Novos produtos mudam hábitos e sistemas que por sua vez significam novas oportunidades. O automóvel, a TV, a internet, resultados da ação empreendedora, geraram miríades de chances de novos negócios. O carro sem motorista transforma o mundo antes mesmo de entrar no mercado. Empreendedores podem fabricar goiabada ou lançar um satélite. O que muda é o produto, não o processo.
