O engenheiro João Paulo Bodanese, 34 anos, voltou de uma temporada nos Estados Unidos, onde fez um mestrado, com uma ideia que se transformou em um grande negócio: um equipamento de auto serviço de chopp.
Na tela do myTapp, o cliente pode escolher e se servir da cerveja que deseja sem necessidade da ajuda de um garçom. Por meio de um cartão pré-pago, recarregável por aplicativo de celular, o consumidor também não precisa passar no caixa. Além disso, suas escolhas ficam registradas em uma plataforma, que permite à cervejaria conhecer a clientela e suas preferências.
O myTapp é um dos produtos que foram financiados pelo Edital de Inovação para a Indústria. Nesta edição 2018, estão disponíveis R$ 55 milhões para investir em projetos inovadores. Startups e empresas de todos os portes já podem se inscrever no site: editaldeinovacao.com.br. Serão selecionados projetos, em dois ciclos, que receberão até R$ 600 mil individualmente. Além de fomento, as empresas contam com apoio da infraestrutura dos Institutos SENAI de Inovação e dos Institutos SENAI de Tecnologia para desenvolvimento da proposta.
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Foi o que fez João Paulo, que é sócio do irmão, Mateus, de 27 anos, na empresa de Santa Catarina que tem o mesmo nome de seu principal produto. O projeto do myTapp foi selecionado pelo Edital de Inovação em 2016 e a tecnologia da solução foi aprimorada em conjunto com o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados. Agora o empresário espera conseguir fabricar em escala o novo equipamento, que passou a ter mais funcionalidades após o desenvolvimento no âmbito do Edital. “Valeu muito a pena acessar o Edital. Só conseguimos chegar ao nível tecnológico desejado com esse apoio. Sozinhos, não seríamos capazes de fazer esse investimento”, conta ele.
O Edital de Inovação para a Indústria é uma iniciativa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Serviço Social da Indústria (SESI). O objetivo é financiar o desenvolvimento de soluções inovadoras para a indústria brasileira, sejam novos produtos, processos ou serviços de caráter inovador, incremental ou radical.
Nesta edição, projetos inovadores poderão ser inscritos em cinco categorias:
A. Inovação Tecnológica para Grandes e Médias Empresas;
B. Inovação Tecnológica para Micro e Pequenas Empresas (MPE), Micro Empreendedor Individual (MEI) e Startups de Base Tecnológica;
C. Empreendedorismo Industrial – Grandes empresas e Startups;
D. Inovação em Segurança e Saúde no Trabalho (SST) e Promoção da Saúde (PS).
E. Inovação Setorial em Segurança e Saúde no Trabalho (SST) e Promoção da Saúde (PS).
Indústria 4.0
Uma das novidades é que as categorias A e B terão foco na seleção de projetos destinados a ajudar o setor industrial brasileiro a se inserir na indústria 4.0 – termo utilizado para definir a fusão entre os mundos físico e virtual, criando sistemas chamados ciberfísicos. A também chamada quarta revolução industrial tornará a forma como se produz hoje obsoleta. “Entendemos que, para apoiar a indústria nessa necessária atualização tecnológica, temos de estimular projetos inovadores que vão ajudar a aumentar a competitividade do setor industrial por meio da indústria 4.0”, explica o gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI, Marcelo Prim.
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A categoria C, Empreendedorismo Industrial – Grandes empresas e Startups, também possui mais recursos em 2018 para estimular a conexão entre grandes indústrias e startups, micro e pequenas empresas. Nessa chamada, empresas consolidadas no mercado, denominadas instituição-âncora, podem apresentar, a qualquer momento, desafios a serem solucionados por empreendedores.
Cada projeto na categoria C recebe investimento mínimo de 150 mil, podendo a instituição-âncora, a seu critério, empregar quantias superiores. Na edição 2017, sete grandes empresas lançaram desafios em temas como cidades inteligentes, internet das coisas, segurança cibernética e tecnologias digitais para o setor automotivo. Foram escolhidos, até agora, 22 projetos e há um processo de seleção em andamento lançado pela Shell Brasil.
“O Sebrae está apoiando a categoria B e C do edital. Enquanto a categoria B é a forma mais tradicional de apoio a projetos de inovação de empresas, a categoria C é a que representa maior novidade no mercado, e que o Sebrae passou a apoiar desde 2017. Trata-se de uma categoria que confere maior assertividade na aplicação da solução desenvolvida pelos pequenos negócios, já que visa atender a reais demandas de mercado, pré-definidas pelas médias e grandes empresas.
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Com isso, o retorno do investimento tende a ser mais rápido, pois já conta com um comprador/investidor logo na partida desenvolvimento, necessita de menor dispêndio em marketing (típico de soluções B2C) para sua alavancagem, e ainda pode contar com a rede de contatos e parceiros das médias/grandes empresas para se promover”, afirma o gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae, Célio Cabral.
Tecnologia para bem estar
O espírito empreendedor do engenheiro Ivens Leão, 32 anos, e da designer de produtos Ana Cláudia da Mata, 30 anos, também teve impulso do Edital de Inovação. Os sócios desenvolveram a plataforma Lincare, que ajuda a monitorar idosos por meio de uma pulseira digital. O produto também dá nome à startup que os dois criaram.
A ideia surgiu a partir da observação da vida da avó de Ivens, dona Zulmar, que aos 80 anos, fazia questão de morar sozinha e ter uma vida autônoma. Com a pulseira, ligada a um aplicativo e a uma central de acompanhamento, é possível monitorar pressão, batimentos cardíacos, movimentação, qualidade do sono, possíveis quedas, entre outros indicadores. A pulseira também emite alertas e um lembrete escrito em um visor no horário de tomar medicamentos. O sucesso do produto levou à criação de um novo, o Linfit, voltado ao público jovem. O equipamento permite acompanhar hábitos de vida e medir a evolução de metas de bem estar.
Os empresários de Belo Horizonte buscaram o Edital de Inovação para melhorar a linha de equipamentos da Lincare. Com apoio da infraestrutura da rede SENAI e financiamento no valor de R$ 400 mil, eles desenvolveram um chaveiro que contém um botão físico de ajuda, que também se comunica com um aplicativo e a central de monitoramento. “Com esse novo produto na plataforma, podemos atuar com clientes que têm menos facilidade com a tecnologia”, explica Ivens. O objetivo é atingir idosos com dificuldades de utilizar a pulseira, que tem um visor touch, e preferem um equipamento mecânico.
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A ideia da Lincare é aproximar-se desse público por meio do novo produto e trabalhar, aos poucos, o uso de outras tecnologias. “O projeto com o Edital de Inovação traz um valor grande para empresa, ao ter um portfólio mais completo e a possibilidade de criar uma porta de entrada dos clientes para plataformas complexas”, explica ele.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”