O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), baixou uma série de regulamentações absurdas sobre o uso de patinetes nas ruas da cidade, uma prática que tem se popularizado bastante, mundo afora, nos últimos tempos, principalmente na Europa. Ato contínuo, o alcaide paulistano colocou o pessoal da guarda municipal nas ruas para apreender os equipamentos “fora do padrão”. Em um só dia, foram apreendidos mais de 550 veículos, dos quais 400 foram danificados devido à falta de cuidado dos “agentes da lei”.
Em Nova York, o prefeito democrata Bill de Blasio, o mesmo que colocou Bolsonaro como persona non grata na cidade recentemente, tem baixado uma série de regulamentos esdrúxulos cujo propósito é inviabilizar as plataformas de aluguel de imóveis de curto prazo, como Airbnb, e beneficiar o setor hoteleiro da cidade, cujo lobby contra o compartilhamento de imóveis na cidade é imenso.
Aliás, a cidade de Nova York também ficou famosa pela luta contra a empresa Uber, em defesa dos taxis da cidade. Mesma batalha, aliás, travada em várias capitais e grandes cidades tupiniquins, como no Rio de Janeiro, por exemplo, onde o então prefeito Eduardo Paes chegou a proibir o serviço, apesar de sua ampla aceitação entre os consumidores. Não sem razão. Carros novos, motoristas educados e bem trajados, ar condicionado sempre em funcionamento, sem que seja preciso implorar ao motorista, preço certo e previamente ajustado, pagamento através de cartão de crédito ou débito e pontualidade rapidamente transformaram o novo serviço numa coqueluche.
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Também nos Estados Unidos, algumas empresas inovadoras estão experimentando a abertura de lojas onde o dinheiro não é aceito, como forma de cortar custos, melhorar a eficiência e manter os preços baixos. Imediatamente, as vozes do retrocesso se levantaram. Em São Francisco, Filadélfia e Nova Jersey (todas elas instâncias administrada por democratas), as lojas sem dinheiro já foram proibidas. Massachusetts, Nova York e Washington DC deverão ser as próximas. O que elas têm em comum? Todas são administradas por prefeitos e governadores ditos progressistas.
Claro, sempre há alguma justificativa bem intencionada para todas estas proibições. No caso de exigir que as lojas aceitem dinheiro, estão supostamente protegendo os pobres e aqueles sem contas bancárias. Antes disso, porém, os progressistas atacavam os varejistas inovadores, como o Walmart, por serem eficientes demais e por manterem os custos baixos demais, algo que, segundo eles, prejudicava a concorrência. Os pobres? Bem, ninguém no universo progressista liga para eles quando o assunto é Walmart.
Todas as inovações acima têm o mérito de tornar os produtos e serviços mais baratos, o capital mais produtivo, além de transformar pessoas comuns em empreendedores, pulverizando o capital, no lugar de concentrá-lo. Ninguém que critique o capitalismo por conta de uma eventual concentração do capital poderia, coerentemente, se colocar contra tais novidades. Mas quem disse que os “progressistas” estão interessados em coerência?
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Em resumo, as intervenções dos governos contra as inovações representam não só a defesa do capital estabelecido como também obstáculos para que as forças de mercado melhorem o acesso dos consumidores menos abastados a melhores produtos e serviços. Sempre e em todo lugar.