Roberto Rock, diretor-editorial do El Universal, afirma que no México, cem jornalistas foram assassinados na década. Crime organizado preocupa
Como se manifestam as restrições à imprensa no México?
A maior ameaça à liberdade de expressão é hoje a autocensura da mídia. A antiga ameaça por parte dos políticos continua sendo um problema, sobretudo em alguns estados onde o governo ainda pensa que pode controlar a mídia com o orçamento publicitário oficial. Outro fator importante é o crime organizado. Em metade do país, bandidos ameaçam a imprensa, chegando a matar jornalistas.
Quantos jornalistas já foram mortos por causa disso no país?
Na última década, cerca de cem jornalistas foram assassinados. No ano passado, que foi um dos piores, oito ou nove foram mortos.
Por que isso acontece?
O problema está ligado aos cartéis do narcotráfico, mas a razão por trás disso é a impunidade. Os criminosos acreditam que podem fazer o que quiserem, sem temer as consequências. E o governo tem a responsabilidade de impedir que isso aconteça dessa forma.
Você falou em autocensura. Como ela tem funcionado?
A autocensura é uma maneira de tolerar o crime. Em lugares onde há criminosos envolvidos no Legislativo, a mídia não diz nada sobre o crime organizado, não cobre nem investiga os envolvidos. Isso para evitar ataques. Mas não é uma garantia de fato.
E como é a relação com o novo governo?
O governo mexicano tem tido uma postura politicamente correta com relação à mídia. O Partido Revolucionário Institucional (PRI, que governou o país por sete décadas e voltou este ano à Presidência na figura de Enrique Peña Nieto) costumava controlar a imprensa, mas isso mudou. O PRI de agora entende que deve ser moderado. Eles são tecnocratas, liberais. Vamos ver seu comportamento nos próximos meses, mas não acredito que eles virão com leis nesse sentido.
Fonte: O Globo
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