“Entre um bom e um mau economista existe uma diferença: um se detém no efeito que se vê; o outro leva em conta tanto o efeito que se vê quanto aqueles que se devem prever.” Esta foi a distinção que Bastiat fez entre os diferentes economistas, acrescentando: “Daí se conclui que o mau economista, ao perseguir um pequeno benefício no presente, está gerando um grande mal no futuro.” A afirmação, feita no século 19, ainda permanece válida, especialmente no caso brasileiro.
O que mais se vê por aqui é economista focando apenas no curto prazo e ignorando os efeitos de suas medidas ao longo do tempo. O próprio Keynes disse que “no longo prazo estaremos todos mortos”, senha usada por muitos seguidores seus para a irresponsabilidade no presente. Os governantes adoram. Ocorre que o longo prazo um dia chega, cobrando altos juros pelos abusos do passado.
Quem tratou da questão da miopia temporal foi Eduardo Giannetti em seu livro “O valor do amanhã”. Um país que dá demasiada importância ao que está muito próximo no tempo acaba pagando um elevado preço por seu hedonismo. Normalmente, o povo é vítima de remorso depois. Claro que quem vive apenas para o futuro pode acabar vítima de arrependimento por desperdiçar o presente. Como disse Schopenhauer, “muitos vivem em demasia no presente: são os levianos; outros vivem em demasia no futuro: são os medrosos e os preocupados”. O raro é manter com exatidão a justa medida.
No caso brasileiro, não resta dúvida de que se peca pelo excesso de miopia. O “aqui e agora” recebe um peso desproporcional na equação, ficando a prudência de lado. O resultado é insatisfatório para a grande maioria, à exceção dos “amigos do rei”, que acabam consumindo os pesados impostos, muitas vezes de forma totalmente imoral. O governo distribui inúmeros privilégios para os políticos e funcionários públicos, garante bons rendimentos para os rentistas e ainda sobram várias “boquinhas” para seus aliados. A classe de parasitas cresce sem parar, condenando o longo prazo da nação.
O reflexo disso na economia acaba sendo uma reduzida taxa de poupança e, por consequência, de investimento. Os juros permanecem em patamares elevados, e o futuro é sacrificado em prol do momento. Quem deseja o bônus da prosperidade sem o ônus da poupança acaba como a cigarra da fábula: pobre e dependendo da ajuda da formiga para enfrentar o inverno. Os atalhos para o progresso costumam estar repletos de armadilhas. Isso vale para a vida e para a economia. O atleta que pretende ficar for te mais rápido por meio de anabolizantes costuma pagar um alto preço, assim como o país que destina parcela excessiva de sua produção para os gastos correntes.
“A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações”, disse Churchill. Os governantes brasileiros, infelizmente, estão no grupo dos demagogos. O expresidente Lula foi, possivelmente, o mais populista de todos, mas nossa oposição não fica muito atrás. Quem defendeu salário mínimo de R$ 600 e 13º para Bolsa-Família foi o tucano José Serra, não custa lembrar. Falta uma oposição séria, pensando nos próximos 20 anos do país, e não apenas nas próximas eleições.
A social-democracia brasileira ainda não evoluiu para padrões de responsabilidade que se vê em países como Chile, Canadá, Nova Zelândia e Austrália. Aqui, todos disputam o controle do “latifúndio”, da caneta poderosa que comanda mais da metade do PIB. Ninguém luta realmente pelas reformas que colocariam nossa economia no rumo certo. Há um vácuo na política, um espaço enorme para o partido que abraçar de fato as bandeiras de longo prazo. Os brasileiros não aguentam mais tantos impostos, juros altos, corrupção escancarada, infraestrutura precária e péssima qualidade de educação e saúde públicas.
A maior causa de todos estes males é justamente a hipertrofia estatal, resultado do excessivo foco no curto prazo. Até quando a miopia dos governantes será tolerada pelos eleitores? Qual partido vai aderir ao bom senso e olhar realmente para o futuro? Está na hora de se resgatar uma agenda positiva para o país. Quem terá a coragem de rejeitar o atual modelo míope, assumindo a liderança pelas reformas trabalhista, tributária, previdenciária e política?
O custo político não seria trivial no primeiro momento. Não existe almoço grátis. O progresso sustentável depende de sacrifícios. Por isso precisamos de lideranças que realmente mirem mais longe no horizonte. Chega de tanta miopia!
Fonte: O Globo, 25/01/2011
Sou formado em Administração, especialista em gerência de projetos, professor universitário de economia de mercado, e administração geral. Tive dois excelentes professores de economia micro e macro que me encantaram com essa área pelo modo dinâmico de passarem o conhecimento (calculos, filmes, artigos, pesquisas em campo, etc). Contudo esses dois não refletem o restante de quem se forma em economia. 99% acredita que a economia é uma ciência exata. Com isso se deslumbram em executar de forma mecânica calculos complexos que ao final vão confirmar que não ha nada de exato na sociedade. Nem os números são exatos. Os fatos econômicos, estatisticos e matemáticos são decorrentes de atos humanos, e por consequencia, esses atos humanos jamais serão estáticos, e sim dinâmicos, reformulando a todo instante os calculos em teorias e leis que apenas mostram o que existiu, mas que jamais vão conseguir dizer como será o amanhã.
A única certeza neste momento da sociedade é que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. O abismo, foço cada vez mais se expande. 80% das finanças mundiais estão com apenas 20% da população, e 20% restante de dinehrio circulando no mundo estão sendo disputados a tapas por 80% do restante populacional no mundo. Esse fato tem uma variável que jamais deveria existir: Os juros. No momento em que descobriram seu poder letal de escravisar, exterminar e ditar a ordem mundial capitalista, do quanto deve ser produzido, para quem produzir, onde produzir (isso faz lembrar o sistema comunista), foi que a humanidade, 80% do total de pessoas assalariadas pelo mundo, se viram obrigadas a se ajustarem a regras de mercado. Tenha cursos de especialização, mestrado, doutorado, phd, etc… para ganhar mais e viver melhor. A história está mostrando uma outra versão. O mercado exige que tenham estudos, você investe, termina o que o mercado lhe pede como um passaporte, e ao final disso o mercado lhe paga o que tem a lhe pagar e não pelo seu esforço em tentar se posicionar no mercado cada vez mais reduzido de opções de emprego.
Esses valores dinâmicos, jamais poderão ser enquadrados em numeros, onde se buscam a exatidão para algo dinâmico.
Vemos populações inteiras serem devastadas financeiramente por opiniões de economistas (até os Prêmio Nobel)que se acham os mais inteligentes do mundo, em opinar sobre como devem ser o câmbio, os juros, as metas de inflação, etc. Esses mesmos economistas do FMI, Clube de Paris, G-*, etc sabem que quanto mais se joga dinheiro na economia, mais esse dinheiro seguirá o rumo já determinado pelos donos do mundo. É como se ao longo da humanidade até hoje, fosse feito na terra um sulco, (tal qual um caminho estreito por onde passam várias pessoas – tipo fila indiana). Não adiante os governos taxarem esses grandes capitais, visto que o próprio governo se beneficia dele, em detrimento (demagogo) dos assalariados.
Os números sempre serão bem vindo, mas quem manda quem? as pessoas que manipulam os números, os números que manipulam as pessoas?
Eu acredito que a mão que bança o berço é a mão que governa o mundo.
A quem interessa uma taxa de juros alta? Bancos, Governo, e Investidores de curto a medio prazo.
Juros altos aliminam a capacidade de movimentar a economia. Juros altos reduzem o poder de compra a prazo, que por consequencia daria as classes sociais, poder de comprar mais com menos. Juros altos deixam o dinheiro preso em bancos, alimentando a ja famigerada extorção bancária com empréstimos (agiotas) que levam a quem cumpre com seus deveres em dia, a situações de desespero e humilhação por não ter como pagar os juros exorbitantes praticados pelo mercado interno com o aval do governo (formado por economistas).
Quem paga essa conta? sempre será os 80% da população que continuarão a receber somente 20% em troca de 100% dos seus esforços, para 20% dos mais ricos que controlam 80% de toda riqueza financeira mundial.