O relatório “Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um olhar sobre as unidades da Federação”, divulgado na última quinta-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), apontou queda de 2%, entre 2004 e 2009, na proporção do trabalho infantil brasileiro.
Em 2004, 11,8% (5,3 milhões) dos jovens entre 5 e 17 anos trabalhavam. Esse percentual caiu para 9,8% (4,2 milhões) em 2009, ano cuja a maioria (65,8%) do trabalho desta faixa etária se concentrava em áreas áreas urbanas.
O mestre em Educação Luiz Carlos Faria da Silva explicou ao Instituto Millenium que a medição do trabalho infantil é algo complicado, mas que toda aparente redução de trabalho infantil é positiva: “Há trabalhos informais, há crianças que ajudam os pais em casa etc. O trabalho infantil é difícil de ser definido e quantificado. Não sei como os procedimentos são realizados, mas sem dúvidas é um avanço, pequeno ou não.”
Já a taxa de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos (17,8%), também em 2009, superava o dobro da taxa total de desemprego (de trabalhadores de 16 a 64 anos), que na época era de 8,4%.
Mais aprendizes, pouco aproveitamento de vagas
O relatório apontou o crescente número de aprendizes entre 14 e 15 anos no país. De 59,3 mil, em 2005, para 193 mil, em 2010. Apesar disso, o potencial de vagas de aprendizagem não é aproveitado, segundo o Observatório do Mercado de Trabalho Nacional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A quantidade mínima de vagas que deveriam ser ocupadas por aprendizes em 2009 era de 1,2 milhão, mas o número de contratados no ano foi de 155 mil (12,7% da demanda potencial). Faria da Silva destacou que um dos fatores responsáveis pelo baixo aproveitamento das vagas é a “cultura do não trabalho”.
O educador considera a dificuldade em suprir a demanda por vagas de aprendizes um fator preocupante: “Esses jovens, infelizmente, perdem a oportunidade de desenvolver habilidades não cognitivas com os aprendizados. Questões como convivência, responsabilidade e subordinação, juntos às habilidades cognitivas, formam o capital humano”, finaliza.
Realmente é preocupante o fator de não se preencher as vagas, acho que a pesquisa poderia ser um pouco mais aprofundada. Trabalho desde os quinze anos informalmente,sempre estudei em escola pública e ao meu ver acho qeu esse programa deve ser mais divulgado nas escolas. O capital humano como o autor destaca deve ser trabalhado nesses jovens, muitas das vezes falta autonomia e um pouco de desenvolvimento cognitivo em suas ações.