Segundo um relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, o Brasil ficou em primeiro lugar no ranking de países que mais censuraram o Google. Apenas na primeira metade do ano passado, autoridades brasileiras obrigaram a empresa a retirar 398 textos jornalísticos. O relatório revela ainda dados preocupantes: 44 jornalistas mortos em serviço e 145 presos em todo mundo, só 2010. Carlos Lauria, coordenador para a América Latina do Comitê de Proteção a Jornalistas, concedeu uma rápida entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”. Confira abaixo.
A que o sr. atribui o crescimento da censura no continente?
Carlos Lauria: Apesar da democratização, em três décadas a América Latina não criou as reformas legais suficientes para proteger a liberdade de imprensa. E sistemas jurídicos insuficientes estimulam certas autoridades a pressionar.
O relatório também faz muitas referências à autocensura.
Lauria: Sim, ela se tornou um fenômeno central. No México, em Honduras, na Colômbia, a falta de garantias e as ameaças diretas levam o jornalista a desistir de levar pautas adiante. Censura e autocensura juntas estão no nível mais alto que se viu desde o fim das ditaduras nas Américas.
O cenário no Brasil é parecido?
Lauria: O problema mais sério do Brasil está na primeira instância. Muitos juízes de pequenas cidades são pressionados. A desproteção de jornalistas em áreas distantes é preocupante. Mas há também o caso espantoso do Estado, cujo problema está num tribunal superior.
Que agenda o sr. vai levar para os contatos em Brasília?
Lauria: Estarei lá amanhã, com autoridades do governo e no STF. É natural que nesses contatos se discuta e se procure saber como encaram esses desafios.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”, 16/02/2011
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