Experiente jornalista alerta deputados e senadores quanto à escolha de suas novas elites dirigentes, uma articulação de forças titânicas no Congresso
A coluna de Elio Gaspari deste fim de semana é uma advertência a senadores e deputados quanto às novas elites dirigentes do PMDB e do PT no Congresso. “A cúpula do Parlamento tem algo como 20 posições de destaque. Sempre houve casos esparsos em que foram escolhidos parlamentares com mais prontuário que biografia. Mas nunca se chegou ao que se está armando agora.” Gaspari menciona as escolhas de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado, Henrique Alves (PMDB-RN) para a presidência da Câmara, André Vargas (PT-PR) para a vice-presidência da Câmara, José Guimarães (PT-CE) para a liderança do partido na Câmara, bem como Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Sandro Mabel (PMDB-GO), que disputam a liderança da bancada do PMDB na Câmara. O experiente jornalista descreve também os malfeitos associados a cada um deles, incluindo os 100 mil dólares encontrados na cueca de um assessor.
A mitologia grega nos conta de uma guerra dos deuses no início dos tempos. As narrativas primeiras da civilização ocidental estão no poema “Teogonia”, de Hesíodo, no século VII a.C. Mais parece o mito de origem do Congresso de uma democracia emergente. “No início, era o caos. A mais completa desordem e a mais total escuridão dominavam. As forças primitivas da desordem foram desencadeadas e, para construir um mundo viável, é preciso dominá-las e civilizá-las. Pois os primeiros deuses, em vez de cheios de sabedoria, eram mal-educados e tomados por paixões brutais, travando guerras terríveis entre si”, relata Luc Ferry, em “A sabedoria dos mitos gregos” (2008).
“Violentos ao extremo, nasceram nas profundezas da Terra e conservam traços de sua origem. Seres titânicos, pela força extraordinária, trazem desordem e destruição, mais do que ordem e progresso. Apenas a geração seguinte, com Zeus à frente dos deuses olímpicos, acabará se impondo contra as forças do caos. Este é o ponto crucial na mitologia: é sempre a justiça que acaba vencendo, pois apenas uma ordem justa é viável”, registra o filósofo francês. Ao contrário do Supremo Tribunal Federal, que exibiu lideranças à altura dos nossos desafios de aperfeiçoamento institucional, o Congresso continua nos devendo uma forma decente de fazer política. Temos os titânicos, faltam-nos os olímpicos.
Fonte: O Globo, 21/01/2013
No Comment! Be the first one.