Poucos dias antes de assumir a Presidência dos Estados Unidos, em janeiro de 1961, discursava John F. Kennedy despedindo-se de seu mandato como senador por Massachusetts: “Quando no futuro o alto tribunal da História se reunir para julgar cada um de nós… nosso sucesso ou fracasso em qualquer cargo exercido será avaliado em função das respostas a quatro perguntas. Éramos nós homens de coragem? Éramos nós homens íntegros? Éramos nós homens dedicados? Éramos nós homens com capacidade de discernimento?”
Além dos valores éticos como a integridade, a dedicação e a coragem, a capacidade de discernimento foi sempre um atributo desejável para o desempenho exemplar das lideranças políticas e empresariais. “O discernimento é a essência da verdadeira liderança. Tomar decisões é o trabalho essencial de um líder. Quando há bom discernimento, pouca coisa mais interessa. E, na falta do bom discernimento, nada mais interessa. Os bons líderes separam o importante do trivial. Seu foco é acertar nas decisões mais importantes”, ensinam Noel Tichy e Warren Bennis, em “Decisão: como líderes bem-sucedidos fazem as escolhas certas” (2007).
Na política externa brasileira, a Presidência e o Itamaraty teriam de decidir entre o Executivo venezuelano e o Congresso paraguaio. Entre influências do “socialismo bolivariano” e nossos interesses em questões delicadas como a energia de Itaipu e as condições de vida e trabalho dos “brasiguaios”. Serão igualmente necessários coragem, integridade e discernimento de nossos congressistas na condução da CPI do Cachoeira. E, “quando no futuro o alto tribunal da História se reunir para julgar” cada um dos juízes do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, cada voto exercido será avaliado pelos mesmos atributos: coragem, integridade, dedicação e capacidade de discernimento.
“No decorrer de nossa existência, cada um de nós toma milhares de decisões. Algumas são triviais, como o tipo de cereal a comprar. Outras são de grande importância: com quem se casar, que carreira seguir. A nossa vida é o resultado de todas essas decisões tomadas. Quantas boas decisões tomamos? E, principalmente, tomamos decisões corretas acerca das questões realmente mais importantes? Afinal, nossos valores e capacidade de discernimento determinam a qualidade de nossas vidas”, advertem Tichy e Bennis.
Fonte: O Globo
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