Repetindo a estratégia autoritária de seu mentor, presidente venezuelano pede aprovação de lei que permitirá que governe por decretos por doze meses
Dando um passo adiante na ambição de repetir a trajetória autoritária de seu mentor Hugo Chávez, o presidente venezuelano Nicolás Maduro pediu poderes especiais à Assembleia Nacional do país na última terça-feira. Alegando a necessidade de combater a corrupção e a “lógica capitalista destrutiva”, Maduro solicitou, em um discurso de três horas no Parlamento, que os deputados aprovem a chamada “Lei Habilitante”, que permitirá que ele governe por decretos pelo período de um ano.
“Solicito, em nome do povo venezuelano, poderes especiais durante doze meses para lançar um combate, com muita firmeza, muita entrega e muita decisão contra a corrupção”, disse o mandatário. Este método de ampliação de poderes não é estranho a regimes autoritários e foi exaustivamente usado pelo falecido Hugo Chávez como forma de expandir sua “revolução bolivariana”.
O pedido de Maduro no plenário acontece dois meses antes das eleições municipais da Venezuela, consideradas um plebiscito sobre os seis meses de gestão de Maduro.
Crise econômica
Quando Maduro anunciou, em agosto, a intenção de ampliar seus poderes, ele usou a bandeira da luta contra a corrupção para justificar a medida. Com o agravamento da crise financeira no país, o herdeiro do chavismo passou a incluir uma suposta “guerra econômica” contra o setor privado em seu leque de desculpas. Desde que Maduro assumiu o poder, em abril, a inflação não parou mais de crescer, somando 32,9% desde o início do ano. A escassez de alimentos e produtos – que provocou até a falta de papel higiênico no país – é outro problema grave que atormenta a população venezuelana.
Oposição
Atenta à escalada autoritária do governo, a oposição venezuelana vem denunciando desde agosto que o pedido por superpoderes no combate à corrupção esconde, na verdade, uma “caça às bruxas” de Maduro contra seus adversários políticos. Em seu programa semanal na internet, o líder opositor Henrique Capriles afirmou que a manobra do herdeiro de Chávez visa distrair a população dos graves problemas econômicos do país.
Fonte: Veja
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