Há recursos financeiros de sobra no mundo em busca de boas oportunidades de investimento. Há também uma realocação de recursos no Brasil, que reagem à queda dos juros. Deslocam-se das aplicações em renda fixa, buscando maior rentabilidade nos ativos de risco. São circunstâncias extraordinárias para disparar ondas colossais de novos investimentos. Mas não é o que observamos no país.
Desce lentamente a taxa de investimentos da economia. Aumenta a participação do setor público na seleção e no financiamento dos grandes projetos, sinal de maior influência política e menor eficiência econômica desses investimentos. Avança o desconcertante processo de desindustrialização, pela perda de competitividade ante a avalanche industrial asiática. A balança comercial prossegue em deterioração, com exportações estagnadas e uma disparada das importações.
Foram também infelizes as sucessivas intervenções setoriais do governo. A mudança do sistema de concessões para o regime de partilha na exploração de petróleo acabou derrubando o ritmo de investimentos no setor. Afundaram os preços das ações da Petrobras. Desabaram também os preços das ações da Companhia Vale do Rio Doce quando o governo decidiu interferir na direção da empresa e em sua política de investimentos. O anúncio de mudanças no marco regulatório do setor elétrico fez desabar também aí os preços das ações. Tudo isso deprime o ímpeto de investimentos na economia. Se os preços dos ativos existentes são derrubados por intervenções, aumentando riscos e ameaçando retornos futuros, desaparecem os incentivos à ampliação da capacidade produtiva.
Uma boa dose de inteligência de negócios em nossos marcos regulatórios faz toda a diferença para destravar investimentos e acelerar o crescimento. Pois justamente quando sobem os preços dos ativos existentes – excedendo o custo de produção de novas fábricas, equipamentos e instalações industriais – é que surgem os incentivos à ampliação da capacidade produtiva por meio de novos investimentos. Macroambiente favorável aos negócios, clima propício aos investimentos, expressiva valorização das ações, expectativas de baixo risco e retornos favoráveis são configurações macroeconômicas visíveis ao longo da trilha do crescimento sustentável.
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