A decisão da ex-senadora Marina Silva de aderir ao PSB e apoiar a candidatura de Eduardo Campos à Presidência tem amplo impacto na corrida eleitoral. Três efeitos são identificados de imediato: reforça Campos, afeta o favoritismo de Dilma e incomoda o provável candidato do PSDB, o senador Aécio Neves. No entanto, existem algumas questões a considerar. Após o não reconhecimento pelo TSE do partido Rede Sustentabilidade, pesquisas indicaram que as intenções de voto em Marina iriam mais para a reeleição de Dilma do que para Aécio e Eduardo.
Qual será o real impacto da decisão de Marina no desempenho de Campos? Será que Marina realmente desistiu de concorrer à Presidência? Ou fez um acordo segundo o qual o desempenho de Eduardo Campos será avaliado daqui por diante? Evidentemente, caso a transferência de voto não funcione, o desempenho de Campos como candidato será avaliado. Nesse caso, Marina poderia ser candidata.
Ou, pelo menos, ocupar o lugar de vice na chapa de Eduardo. Seja como for, a dupla Marina-Eduardo vai fazer um estrago na cena pré-eleitoral, ainda que o favoritismo de Dilma continue valendo. De cara, a decisão afeta Aécio Neves, que, como candidato do PSDB, teria mais chance de chegar ao segundo turno do que os demais nomes oposicionistas.
A aliança entre dois ex-ministros do governo Lula (Marina foi ministra do Meio Ambiente e Eduardo, ministro de Ciência e Tecnologia) tem potencial para quebrar, pela primeira vez desde 1994, a polarização existente entre PT x PSDB. Além do vínculo como Lulismo, a chapa Eduardo Campos e Marina Silva representa a união entre o “novo” (Eduardo) com a representante que melhor capitalizou o sentimento “anti- política” que brotaram das ruas com os protestos de junho (Marina).
Porém, é importante mencionar que a dobradinha Eduardo e Marina tem desafios pela frente. Como, por exemplo, a busca por aliados que garantam um bom tempo de TV assim como a construção de palanques estaduais competitivos. A união entre Eduardo e Marina preocupa Aécio Neves e também o Palácio do Planalto, pois a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata a reeleição, deseja enfrentar o PSDB num eventual segundo turno.
No entanto, se Eduardo surpreender e chegar no segundo turno, a estratégia petista de comparar os governos Lula e Dilma com a gestão FHC precisaria ser repensada. Mais do que isso, numa eventual disputa entre Dilma x Eduardo, o PSB teria potencial para atrair boa parte do eleitorado do PSDB.
Um dado importante de ser destacado é que, segundo a última pesquisa do instituto Ibope, Marina tinha 16%das intenções de voto e Eduardo aparecia com 4%. Mesmo se não atrair 100% dos que declaram voto em Marina e obtiver 50% desses 16%, já seria o suficiente para Eduardo superar Aécio, que registrou 11% na última sondagem.
Por enquanto tudo são hipóteses até porque não sabemos se, inicialmente, os votos de Marina Silva migrarão automaticamente para Eduardo Campos. Por fim, vale dizer que, como os grandes e os pequenos eventos da vida, as eleições são afetadas pelo inesperado. O movimento de Marina foi inesperado. Faz parte dos fatos inesperados, ainda que possíveis, que povoam a tomada de decisões no universo da política.
Fonte: Brasil Econômico, 09/10/2013
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