Show da nossa seleção sobre os invictos espanhóis nos consagra campeões da Copa das Confederações. Na economia, o consumo patina e o governo já não o considera mais como o motor propulsor de nosso crescimento. Em meio a este clima, a população mostra a sua insatisfação geral com o poder público.
Bem, se fosse em outras ocasiões (década de 70), alguns iriam dizer que uma vitória de um campeonato internacional serviria para desviar a atenção do povo, porém não é isto que estamos vivenciando. Várias manifestações ocorreram Brasil afora: Queremos mais investimentos em saúde! Não à PEC 37! Fora Corruptos! Queremos mais educação! Não à Cura Gay! Movimento Passe Livre! E a primeira das reinvidicações: Não ao aumento das passagens de ônibus.
Assim, o povo vai elegendo suas principais necessidades e, através de protestos sem ajuda de nenhuma liderança partidária, vai tentando alcançar seus objetivos.
“O Brasil acordou!”, dizem os cartazes. Mas o que fez o Brasil despertar assim? Corrupção? Se verificarmos, neste governo (PT) houve um dos maiores escândalos de corrupção (Mensalão) e ninguém foi para a rua, e ainda assim reelegeram o presidente. Não me parece que seria esta a faísca para incendiar o povo no momento.
Seria então a falta de investimentos em saúde e educação? Já estes dois fatores poderiam até ser, mas estamos nesta situação há muito tempo, e apesar das promessas nada é feito entra ano e sai ano. Será que agora despertaram para este problema mesmo? Ou seria o aumento das passagens de onibus? Não é só por R$ 0,20 centavos gritam alguns!
Logo poderia ser então os gastos milionários para construção dos estádios? Não faz muito sentido, pois a população aprovou e torceu para que fossemos anfitriões destes eventos esportivos. Será que esperavam que não fôssemos gastar muito dinheiro? Poderia ser então o estouro do orçamento, será?
Mas o que foi então que despertou toda esta indignação? Alguns fatores que vem ocorrendo na economia brasileira nestes últimos meses me chamam atenção e com certeza foram os principais “drivers” para que toda esta manifestação ocorresse.
O primeiro foi a inflação que começou a corroer o poder de compra da população. E indo mais fundo na análise, vejo que o endividamento das famílias também contribuiu. Abaixo podemos observar os dados que me causam muita preocupação:
Como podemos observar, além da inflação que vem causando estragos no poder de compra da população, o número de famílias endividadas é significante. Só para se ter uma ideia, este número em 2005 era de 18,39% segundo o Banco Central e hoje estamos em 63%. Destes, 20,30% estão com estas dívidas em atraso.
Para piorar, quando abrimos o número por tipo de dívida, o maior percentual é de cartão de crédito, que tem o custo mais alto de encargos financeiros. Assim, a inadimplência bate recorde e estacionou em patamares bem altos.
A consequência deste cenário é de queda do consumo, e aí começa a insatisfação do povo. Nestes últimos dez anos, a entrada de 30 milhões de pessoas na classe C, vindas das classes D e E, sustentou o consumo no Brasil. As torneiras abertas do crédito também foram fator decisivo para este aumento de consumo.
Hoje, a situação é outra devido aos números expostos acima. Desta forma o povo está consumindo menos, e todos sabem o quanto é difícil se acostumar a uma situação de conforto e depois ter que cortar. O sentimento de bem estar que a população se acostumou nestes últimos dez anos está agora prejudicado. As famílias não têm mais como alavancar recursos e ainda por cima a inflação faz com que seus salários comprem menos mês a mês.
Desta forma esta população que estava “muda” por conta do consumo dos últimos dez anos acordou e agora quer que a situação volte a ser como era. Só que resolveu dar um basta a toda esta gastança do governo, a corrupção, e as causas minoritárias. Ela quer ver os benefícios dos impostos pagos, e uma faxina no Congresso. O povo quer um Brasil melhor, e quer ainda que “esta vida melhor” seja duradoura.
Posso concluir então que a queda do consumo foi um dos barulhos que fez o Brasil acordar. Continue acordado, Brasil, pois só assim criaremos condições econômicas favoráveis para as futuras gerações gerarem riqueza para nosso país, aumentando a sensação de bem estar de toda a sua população!
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