Barack Obama acaba de ser reeleito presidente dos Estados Unidos e, para o Brasil, o significado prático da vitória é nenhum. Absolutamente nenhum. E isso não tem a ver com o estilo nem com a linha de atuação política do presidente, que já são conhecidos e não sofrerão mudanças nos próximos quatro anos.
Se o vencedor fosse Mitt Romney, também não haveria qualquer significado para o Brasil. E a razão disso não é o desprezo dos americanos pela economia brasileira. A questão é que, por terem noção de sua importância para o mundo, os Estados Unidos conduzem sua política externa com os olhos voltados para os próprios interesses. Não precisam distribuir favores para serem considerados parceiros preferenciais de ninguém.
O Brasil, ao contrário, tem hostilizado e criado dificuldades no relacionamento com os Estados Unidos em nome da intenção de fazer gentilezas a países que o governo considera estratégicos. E desse movimento têm surgido situações inexplicáveis.
A principal delas é o episódio até hoje obscuro da nacionalização das refinarias da Petrobras na Bolívia, em 2006. Àquela altura, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva fez caridade com o dinheiro do povo brasileiro ao aceitar sem reações a arbitrariedade absurda do companheiro Evo Morales. Foi o caso mais absurdo.
Mas não é preciso ser a reencarnação do Barão do Rio Branco para reconhecer que o governo brasileiro se especializou em aceitar sem reação os desaforos comerciais cometidos das “muy amigas” Argentina e Venezuela – para citar apenas os dois mais frequentes.
Se o Brasil espera dos Estados Unidos tratamento semelhante ao que dá aos vizinhos, pode esquecer. Agora, se busca um relacionamento comercial maduro, em que poderá oferecer artigos realmente necessários ao parceiro e receber em troca o direito ao acesso à maior economia do planeta, ótimo.
Os Estados Unidos, nesse caso, têm muito mais a oferecer ao Brasil do que toda a América Latina junta. Ah, sim! Os Estados Unidos escondem sob o manto da defesa da abertura de mercado um vezo protecionista que muitas vezes prejudica o Brasil.
Isso é verdade e alcança, na maioria das vezes, produtos agrícolas nos quais a produtividade brasileira supera em muitas vezes a americana. Mas já atingiu, também, a Embraer – que teve um contrato para a venda de aviões Super Tucanos à Força Aérea americana suspenso sem explicações razoáveis.
A chance de problemas como esse acontecerem, no entanto, seria reduzida se o Brasil tivesse uma diplomacia comercial mais atenta e interessada no país que, ao longo da história, tem sido seu mais importante parceiro comercial.
A mudança dessa postura e da qualidade do relacionamento comercial com os Estados Unidos depende mais de um movimento de Brasília do que de Washington. E com Obama, pelo menos isso ficou provado ao longo dos últimos quatro anos, é possível dialogar em alto nível.
Fonte: Brasil Econômico, 08/09/2012
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