Com este texto, encerro a trilogia de artigos que busca examinar o Brasil em 2012. Abordo, desta feita, os vetores internacionais e sociais.
O Brasil é um país paradoxal. Mesmo sendo a sexta economia do mundo e tendo um PIB maior do que, por exemplo, o Reino Unido, ainda apresenta baixo impacto no cenário internacional.
Apesar de ser um dos maiores exportadores de commodities do mundo, sua participação no comércio mundial é pálida – menos do que 5%.
E embora seja um dos destinos prediletos de investimentos estrangeiros em todo o planeta, o capital estrangeiro não representa 20% do PIB do país.
Em 2012, o Brasil continuará a sua lenta progressão rumo ao estrelato mundial. Seremos cada vez mais conhecidos. Exportaremos um pouco mais. Teremos mais investimentos estrangeiros.
Como consequência, estaremos mais expostos aos humores de um mundo em crise econômica. A Europa estará em recessão e os Estados Unidos, provavelmente, estarão saindo lentamente dela.
Nesse cenário, nosso relativo isolamento, os fundamentos de nossa gestão econômica e a dinâmica de nosso mercado interno nos dão certa proteção e tranquilidade.
Tanto por conta de nossas reservas quanto pela nossa capacidade de vender o que o mundo precisa, mesmo em crise.
Por um lado, um mundo em crise afeta as exportações. Por outro, a maior oferta de produtos no país combate a inflação.
Para o bem do Brasil, estarmos um tanto distantes da confusão global é uma boa coisa. Em consequência, o quadro interno – ainda que não se configure ideal – será de satisfação da sociedade, que devolverá a sua boa percepção do ambiente político na forma de índices elevados de satisfação popular.
No campo social, examinando os sinais identificáveis, e a despeito das articulações contra a corrupção e de estudantes por conta de agendas específicas, a desestabilização da sociedade parece improvável.
Junto à população, apesar da irritação de muitos, o ambiente psicossocial é favorável ao governo e isso se configura de forma hegemônica nos dias de hoje.
Combinam-se, favoravelmente, a imagem positiva de Dilma e o desempenho do seu governo na economia. O que resulta em uma massacrante aprovação, por um lado, e um imenso desinteresse pelas agendas propostas pela oposição.
Nesse sentido, falta ao Planalto uma estratégia de comunicação institucional efetiva, ainda que, de certa forma, a comunicação pessoal de Dilma seja mais do que adequada.
Mas ajudaria ao governo e à sua imagem se suas ações obtivessem maior repercussão. Não apenas por meio de anúncios, aos quais ninguém presta atenção.
Entretanto, a lógica publicitária não deve presidir as estratégias de comunicação. Nem apenas buscar a imprensa como canal preferencial de comunicação.
É uma tarefa difícil, já que, muitas vezes, o filtro da imprensa joga em dois campos que não interessam à cidadania: às vezes deixa de noticiar ações positivas do governo para não ser tachada de “chapa branca”; às vezes entra no mercado se vendendo em troca de anúncios gordos.
Fonte: Brasil Econômico, 03/01/2012
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