Há pessoas que, por suas atitudes, seus gestos e sua maldade ultrapassam os últimos limites da civilidade e se transformam em exemplos daquilo que a humanidade é capaz de produzir de pior. O terrorista Osama Bin Laden, morto por militares americanos no último domingo, no Afeganistão, fazia parte dessa súcia.
Mais do que eleger os Estados Unidos e Israel como inimigos a ser aniquilados, Bin Laden fazia questão de apontar seu dedo ameaçador para todo o ocidente e mantê-lo sob o pior tipo de ameaça possível: a do medo que impede de enxergar a situação como ela é.
Com seus ataques surpresa e com um grupo de homens bomba dispostos a morrer em nome desse objetivo, ele deixava o mundo inteiro (inclusive o Brasil) sob a ameaça de explosões que poderiam custar a vida não de militares uniformizados em conflito contra um inimigo declarado. Suas vítimas eram pessoas comuns a caminho do trabalho, da escola ou do supermercado.
Ou seja, gente que, assim como você e eu, leva uma vida normal em qualquer cidade importante do mundo. O mais abjeto de tudo é que todos esses crimes eram cometidos em nome de uma suposta fé religiosa.
Está certo: o terrorista era muçulmano. Mas daí a culpar todos os adeptos dessa fé pelas atitudes de um lunático é o mesmo que responsabilizar os protestantes pelas atrocidades dos nazistas de Adolf Hitler. Ou considerar todos os cristãos ortodoxos responsáveis pelas covardias patrocinadas por Slobodan Miloševic na Bósnia. O que Bin Laden ameaçava, com sua guerra de destruição, eram os valores da própria democracia.
Ele forçava o ocidente em geral e os Estados Unidos em particular a se lançar com fúria contra seus adeptos pois sabia que, mais cedo ou mais tarde, a reação acabaria sendo considerada exagerada e se voltando contra os próprios governantes dos países que ousassem persegui-lo.
Com a atitude recorrente de fustigar populações inocentes, ele às vezes conseguia fazer com que a opinião pública de países como França, Inglaterra e Espanha se voltasse contra os governantes que tomavam as medidas necessárias para lutar contra um inimigo que se escondia em meio a pessoas inocentes. Fora isso, ele nada tinha a propor.
Pelo que era possível concluir após cada uma das manifestações públicas atribuídas a ele antes e depois do 11 de setembro de 2001, a idéia que movia Bin Laden era apenas destruir o que a humanidade demorou séculos para erguer. Ele nada tinha a propor.
É por essa razão que, a despeito de toda e qualquer crise e de toda e qualquer ameaça feita pela hidra que acaba de perder sua principal cabeça (mas não perdeu todas elas), ele vai embora sem deixar nada de bom para ser lembrado. Melhor seria se tivesse sido capturado vivo. Mas não foi. E não fará a menor falta à falta à humanidade.
Fonte: Brasil Econômico, 03/05/2011
No Comment! Be the first one.