Os cidadãos e as empresas brasileiras, como se sabe, carregam nas costas uma carga fiscal que alcança 36% do PIB e gera ineficiências de toda natureza.
Por essa razão, conforme observou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, no debate realizado na sexta-feira passada, na cidade mexicana de Punta Mita, durante o 17º Meeting Internacional promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), se alguém pegar a indústria mais eficiente do mundo e instalá-la no Brasil com os mesmos empregados, o mesmo equipamento, instalações idênticas e mesma matéria prima “ela imediatamente perderá a liderança”.
Por outro lado, o governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia também lembrou que uma carga tributária do tamanho da mexicana (que está, dependendo da forma de cálculo empregada, entre 10% e 15% do PIB) inviabilizaria não só os programas sociais executados pelos poderes executivos no país como, na prática, impediria o custeio dos sistemas de saúde, educação e segurança – apenas para mencionar os três que são apontados como essenciais em qualquer discurso sobre o papel do Estado. A questão é encontrar o ponto de equilíbrio.
Talvez também por essa razão, tanto o presidente da Promexico (a agência de desenvolvimento mexicana) Carlos Guzmann, quanto o coordenador de economia na campanha vitoriosa de Enrique Peña Nieto à presidência do país (e nome mais cotado para assumir o ministério da Fazenda local) Ildefonso Gallardo, dizem que seu país tem o que aprender com o Brasil.
A atenção dos dois, a princípio, está mais voltada para a utilização do mercado interno como motor do desenvolvimento. A prova da fragilidade do mercado interno mexicano é que, de cada 10 automóveis produzidos nas montadoras locais, 7 são exportados para os Estados Unidos ou para outros países do mundo (inclusive o Brasil).
Parte do modelo que tirou a economia local de uma crise que parecia ser eterna, a visão exportadora e a postura como centro de fornecimento de manufaturas para o vizinho poderoso já não bastam para garantir o desenvolvimento mexicano.
A questão, naturalmente, é que, com um modelo fiscal como o que tem, o Brasil jamais poderá cumprir na totalidade o papel que o México vem exercendo com eficiência.
A indústria do país, conforme foi debatido à exaustão em Punta Mita (e será discutido no artigo de amanhã) poderia dar uma contribuição muito maior ao desenvolvimento. No entanto, e pela segunda vez consecutiva, a contribuição da manufatura para o crescimento pífio previsto para este ano, será negativa. É para pensar.
Curioso ver essas alegações de que baixar a carga tributária ‘mataria’ as ajudas as pessoas necessitadas. Por uma incrível mágica ninguém SEQUER considera reduzir o patrocínio dos BNDES aos grandes empresários e os privilégios dos funcionários públicos da ativa e aposentados. Ninguém pensa em diminuir os recursos do ensino público superior e aumentar os da educação básica (no Brasil em termos relativos o governo gasta quase 3 vezes mais com alunos do ensino superior do que outros países em desenvolvimento).
Ninguém sequer fala em evitar copa e olimpíadas e investir em saneamento básico (que é o melhor investimento em saúde) por isso que não há como defender a ‘boa’ social democracia por que nem os ‘sociais democratas’ a defendem. ‘Social democracia’ do Brasil é para os privilegiados que conseguem aprender a ler e escrever, quem tem esgoto em casa, para o Eike Batista e outros grandes empresários e para os funcionários públicos.