Nos artigos anteriores, argumentei que uma boa gestão e políticas específicas para escolas e alunos com pior desempenho são elementos importantes de uma estratégia eficaz para melhorar a educação no Brasil.
O terceiro componente da estratégia é formar, selecionar e reter professores de qualidade.
No Brasil, somente 62% dos professores da educação básica possuem nível superior completo com licenciatura, que representa a formação adequada para lecionar nesse nível de ensino, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Além disso, existe um descompasso significativo entre a formação do professor e a disciplina que leciona, tanto nas séries finais do ensino fundamental quanto no médio.
Um primeiro passo para reverter esse quadro é estabelecer de forma clara o conjunto de competências que professores devem adquirir para que sejam atingidas as metas de aprendizagem dos alunos, e alinhá-lo com os programas de formação inicial e continuada de docentes.
Estudos recentes, como “Subjective and Objective Evaluations of Teacher Effectiveness”, de Rockoff e Speroni, mostram que a combinação de informações objetivas e subjetivas sobre o desempenho dos professores pode ser eficaz para identificar docentes de qualidade.
Um indicador objetivo, que tem sido crescentemente utilizado em outros países, é o valor adicionado do professor, medido como sua contribuição para a elevação da nota do aluno em exames padronizados.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo federal fornece recursos para Estados que adotam medidas de valor adicionado como um elemento de seus sistemas de avaliação de professores.
O uso dessas medidas seria um componente importante de uma política de avaliação de professores no Brasil. Para isso, é necessário criar bases de dados que associem o desempenho dos alunos ao de seus professores.
Essas medidas objetivas devem ser complementadas por avaliações subjetivas por parte de diretores e examinadores externos.
Uma vez criada uma forma de avaliar a qualidade do professor, é preciso recompensar o professor com bom desempenho.
Alguns Estados, como São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e, mais recentemente, Rio de Janeiro, criaram metas para cada escola pública e premiam os professores com base no grau de cumprimento dessas metas.
Em 2009, o governo de São Paulo criou um programa de progressão na carreira que depende do desempenho do professor em exames.
A avaliação dessas iniciativas será importante para que outros Estados e municípios possam escolher o modelo mais adequado.
Fonte: Folha de S. Paulo, 27/06/2011
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