Muito se fala no Brasil em reforma fiscal no que tange à necessidade de redução de nosso déficit público e consequente diminuição das taxas de juros, proporcionando assim um crescimento maior da economia. E ainda a diminuição da carga tributária da economia para tornar as empresas mais competitivas.
O que me chama atenção é o pouco enfoque dado ao quanto a mudança da política fiscal afeta a competitividade de nossas empresas. E de que forma isso acontece?
Primeiramente precisamos definir claramente competitividade – “O quanto as companhias nacionais são bem sucedidas no mercado global permitindo que seu povo consiga melhores condições de vida”. ” Na realidade as companhias competem por custos mais baixos dada uma certa quantidade de produção”. “Desta forma a única maneira de que uma empresa tem de reduzir seus custos e melhorar o padrão de vida de seus funcionários é : aumentar sua produtividade que é o aumento de produtos produzidos por cada funcionário”.
Para se obter um aumento de produtividade são necessárias melhorias do capital humano, aumento de gastos com capital físico (equipamentos e sistemas de informação), ou ainda usar estas formas de capital de uma maneira mais eficiente. Sendo assim uma política fiscal baseada em maiores gastos com educação (melhora do capital humano), infraestrutura (melhora da utilização do capital físico), disponibilização de fundos públicos para nossos pesquisadores, e desburocratização para a abertura de novos negócios faria com que nossas empresas se tornassem mais competitivas.
Mas o que vemos na política fiscal atual é um aumento de gastos com a previdência, aumento de gastos com funcionalismo público, subsídios para indústrias específicas como forma de amenizar problemas em determinados setores, sem a preocupação maior com toda a economia, na realidade sem criar condições sustentáveis de competitividade para as indústrias do país. Outro ponto importante é que o governo tendo que financiar altos déficits compete com a iniciativa privada por investimentos fazendo com que as taxas de juros praticadas não cedam a um nível ótimo devido ao retorno cada vez maior pedido pelos emprestadores de recursos.
Vejo que o tão alardeado corte de juros como forma de fomentar nossa economia, sozinho sem uma política fiscal adequada não trará no longo prazo o efeito desejado. Hoje o Brasil passa por um aumento dos custos com mão de obra não especializada assustador, falta de investimentos em infraestrutura (capital físico), e quase nenhum investimento público em pesquisa. Isto faz com que nossas indústrias se tornem cada vez menos competitivas , criando ai um ciclo perigoso. Importamos cada vez mais para fugir dos produtos nacionais mais caros, a inflação se mantém em patamares elevados, os ativos tem seus preços inflados por conta de crescimento de salários sem a contrapartida do aumento da produtividade.
Desta forma é melhor o governo tomar a iniciativa de uma reforma fiscal mais abrangente enquanto estamos numa condição econômica favorável, evitando assim um duro ajuste fiscal no futuro pois não há hoje uma política governamental de longo prazo que garanta um aumento de competitividade de nossas empresas.
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