Na 11ª edição do projeto “Millenium nas redações”, o economista e especialista do Instituto Millenium, Vitor Wilher , conversará com os repórteres da rádio CBN, no Rio de Janeiro, dia 27 de junho.
Wilher apresentará aos jornalistas a palestra “Mudanças na política econômica atual – uma análise”. “Antes da crise o governo praticava uma política econômica (monetária e fiscal) com vistas a adquirir credibilidade, isto é, baseada em metas de inflação, superávit primário e pouco intervenção no mercado cambial. Com a crise, e dado o acúmulo de credibilidade observado no período anterior, a política econômica (monetária, fiscal e agora parafiscal, com o uso de bancos públicos) tem se voltado para tentar amenizar os efeitos da recessão. O uso ativo da política econômica, entretanto, possui efeito apenas sobre os componentes da demanda, a exemplo do consumo das famílias, principalmente. De fato, isso gerou algum efeito atenuador no imediato pós-crise (depois da quebra do banco Lehman Brothers), em 2009 e 2010, dado que o consumo das famílias ainda conseguia reagir a esses incentivos”, informa Wilher.
Segundo o economista, entre 2011 e 2012, o governo continuou com a mesma política econômica ativa, tentando incentivar os componentes da demanda, visando gerar crescimento. Isso não deu certo porque o consumo não ofereceu a mesma resposta que estava dando anteriormente, ainda que mantivesse algum crescimento. O investimento, por sua vez, caiu durante cinco trimestres nesse intervalo, resultado da incerteza gerada pelo ambiente externo e aprofundada pela condução da política econômica doméstica.
“O que se viu nesse período de 2011 e 2012 foi uma espécie de aprofundamento da intervenção do Estado na economia, via política monetária frouxa, política fiscal expansionista (através da renúncia fiscal e aumento de gastos correntes) e uso dos bancos públicos, notadamente o BNDES, para tentar incentivar os determinantes da demanda. Isso gerou poucos efeitos, porque uma coisa é ativar a política econômica em um cenário de elevação do desemprego, outra, completamente distinta, é atuar com uma taxa de desemprego baixa. Os resultados dessa intervenção foram três: baixo crescimento, inflação em aceleração e aumento do déficit em conta corrente”.
Wilher ressalta ainda que a partir do segundo semestre de 2012 o governo vem tentando melhorar a competitividade da economia com a concessão de portos e aeroportos, por exemplo. “Mas já em 2013, com a inflação rondando o limite superior da meta, o Banco Central voltou a aumentar a taxa básica de juros. No campo fiscal, o governo anunciou meta de 2,3% de superávit primário. Ou seja, estaria o governo voltando a praticar uma política econômica crível? Ou isso é apenas um recuo pontual, dados os efeitos deletérios da inflação, inclusive sobre o próprio consumo”, questiona o especialista, que vai focar a palestra nessa questão também.
Na ocasião, o economista se proporá a refletir se há mesmo um recuo na “nova política econômica” ou se isso é algo passageiro, se o Banco Central terá autonomia para subir os juros até o patamar que é preciso para controlar a inflação e se a política fiscal voltou a ser orientada pelas metas de superávit primário ou ainda se, pelo contrário, o que se vê é uma política fiscal discricionária (sem orientação via regras) e a continuação do uso de bancos públicos.
Millenium nas redações
O projeto promove encontros entre especialistas da rede do Instituto Millenium e jornalistas. Eles acontecem nas redações e duram cerca de 1h15. O tema da palestra e o nome do especialista são decididos em conjunto. Os assuntos são variados, de acordo com o perfil de cada veículo, mas sempre relacionados com os valores do Instituto (democracia, Estado de Direito, economia de mercado e liberdade). O “Millenium nas redações” visa contribuir para a liberdade de expressão, pois quanto mais ampla e mais critica for a formação do jornalista, melhor será a qualidade da imprensa no Brasil.
Não sou jornalista, más fico atento à atuação da imprensa na política, economia e no trato de assuntos de interresses democráticos no país. E percebo em muitos casos, uma atuação tendenciosa e as vezes partidárias de alguns setores da imprenssa; isso não é bom, pois pode levar a perda da credibilidade…O que precisamos é de uma imprenssa livre e críticas!! E iniciativa com essa, é de fundamental importância aos profissionais da área. Obrigado pelo espaço!