Escola de Inovação em São Paulo aposta em curso de especialização ‘alternativo’
Enquanto os MBAs brasileiros formam profissionais para trabalhar em grandes empresas, uma nova escola em São Paulo transforma alunos em empreendedores. Ensinar a montar startups é comum em instituições de negócios dos EUA e da Europa, mas não no Brasil.
No curso da Escola de Inovação em Serviços (Eise), um modelo de negócios é desenvolvido em sala de aula durante um ano e apresentado a uma banca de investidores. A própria escola pode bancar o negócio se considerá-lo interessante.
A instituição foi inspirada em exemplos internacionais, como a escola de negócios KaosPilot, da Dinamarca, e a Bauhaus, uma escola de vanguarda que funcionou de 1919 a 1933 na Alemanha e é uma das principais expressões do modernismo no design e na arquitetura.
O curso da Eise não é um MBA – é considerado uma especialização. Possui duas etapas, chamadas de jornadas, com duração de seis meses cada. A primeira tem o objetivo de formar service designers, profissionais que saibam inovar. Nas aulas, o aluno desenvolve o embrião de um negócio rentável.
A segunda etapa forma profissionais capazes de transformar pessoas e organizações, os chamados service thinkers. O projeto é desenvolvido, testado e depois levado a uma banca de investidores.
A jornada é procurada geralmente como uma alternativa aos MBAs tradicionais. Foi o que fez o analista de marketing José Prado, de 27 anos. “Em um MBA, eu estudaria com pessoas com a mesma formação que eu. Na minha turma, cada um tem a sua jornada, para aprimorar não só o profissional como o pessoal e há pessoas de todas as áreas do mercado”, afirma.
Ele está desenvolvendo um negócio para incentivar as pessoas a tirar projetos pessoais da gaveta. “Está na primeira fase ainda, mas há inspiração naqueles que dão suporte aos outros para colocar um sonho em prática ”, diz.
Empenho
Segundo um dos fundadores da Eise, Tennyson Pinheiro, a escola é voltada para quem quer criar ou transformar um modelo de negócios em algo que as pessoas amem fazer. “Entre as pessoas que nos procuram estão aquelas que querem empreender, seja em organizações ou no próprio negócio, um perfil diferente daquelas que desejam um diploma de MBA para subir um degrau no emprego.”
Para aprender a inovar, os alunos cursam disciplinas recomendadas e optativas. São oferecidas aulas de teatro, storytelling e design emocional, entre outras.
Além das jornadas, a escola oferece encontros gratuitos e abertos ao público, chamados de campfires (fogueiras, em inglês), que abordam questões atuais e princípios da inovação em serviços. As reuniões têm um caráter intimista, como se os grupos estivessem em volta de uma fogueira.
A própria sala de aula tem almofadas, espaço para fazer café e paredes que servem para serem riscadas. Alguns alunos chegam a usar o espaço como home office.
A primeira lição aprendida no local é que todo produto é um serviço e os atuais modelos de gestão não suportam economia criativa. “Quando as empresas pedem colaboradores empreendedores, querem aqueles que tenham vontade de transformar as coisas”, explica Pinheiro.
Formatura
As primeiras turmas da escola vão se formar no dia 13 de julho, data em que devem encontrar os possíveis investidores. O publicitário Reinaldo Parreiras Júnior, de 33 anos, já está na fase final do projeto e pretende tocar o negócio depois da conclusão do curso. “Meu grupo já começou a discutir quem vai tocar, qual porcentual ficará com cada um e se é rentável”, conta.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Fantástica iniciativa que demonstra criatividade, visão e credibilidade. Gostaria muito que fosse amplamente divulgada e que possa ampliar a iniciativa em parceria com universidades com apoio incondicional. Parabéns aos envolvidos.