Uma miopia empresarial pode estar ocorrendo nas organizações: uma busca obstinada por talentos jovens, pelo seu conhecimento e capacidade de inovação, pelo seu arrojo e irreverência, sem dedicar a mesma atenção aos profissionais mais antigos.
Este equívoco tem, no mínimo, duas razões. A primeira, diz respeito à visão restrita do que seja talento, enquanto que a segunda minimiza a importância da integração de conhecimentos e experiências, de juventude com maturidade, da impulsividade com a cautela, necessárias à competição atual.
Esclarecendo os fatos: talento tem relação com capacidade, não necessariamente com idade. É inegável a contribuição das novas gerações para um novo olhar sobre a realidade e proposição de caminhos inusitados. Mas também é prudente admitir que lhes falta a experiência necessária para qualificar estas contribuições. Os talentos jovens são, de fato, uma aposta, um capital a realizar que merece proteção.
Enquanto isto, os profissionais mais maduros, por conhecerem melhor o mercado, os clientes e a própria empresa, estão aptos a realizar os resultados que a empresa necessita no curto prazo. Em muitas situações, no entanto,carecem de novos conhecimentos para continuar realizando com eficácia suas entregas de valor.
Já é possível perceber os ganhos da associação de conhecimentos e experiências no enfrentamento de um contexto de negócios instável e desestruturado, que exige a aplicação eficaz dos saberes organizacionais. O problema está em como identificar adequadamente o valor desses profissionais, em definir o mix de talentos mais adequado ao seu negócio, à sua organização.
Infelizmente, os modelos atuais de gestão não estão sendo eficazes nesta tarefa, ainda afeitos à avaliação e gestão de cargos e não de pessoas, privilegiando a hierarquia sobre o mérito, a recompensa sobre o reconhecimento. É natural, portanto, que haja uma “guerra pelos talentos”, não só explicada pelo descompasso entre oferta e demanda, mas também pela crise de relacionamento entre pessoas e organizações.
Ao mapear o valor destes talentos por sua contribuição ao negócio, a gestão pode estabelecer as bases desta nova relação, centrada no valor e na reciprocidade. Enquanto retém e acessa esse conhecimento indispensável à inovação e à competitividade, promove condições desafiadoras de reconhecimento e realização humana.
O Marketing de Relacionamento ajudou as empresas a migrar da gestão de produtos para a gestão de clientes, resolvendo a questão de como identificar e fidelizar os clientes de interesse. Atualmente, as organizações se defrontam com demanda semelhante. Porque não revelar os talentos realizadores, os promissores ou mesmo os talentos plenos e estabelecer estratégias de relacionamento favoráveis à sua retenção? O segredo é descobrir logo quem são e onde estão, antes que alguma empresa aventureira o faça.
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