Uma pesquisa concluiu que a maioria dos brasileiros é contrária à destinação de R$ 5 bilhões dos cofres públicos para o fundo eleitoral.
A pesquisa mapeou a percepção da população sobre o fundo eleitoral – dinheiro público destinado aos partidos para as eleições. Duas mil pessoas foram ouvidas entre 16 e 19 de fevereiro, a pedido do Instituto Millenium.
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Para o fundo de 2022, inicialmente, o governo propôs R$ 2,1 bilhões – valor próximo ao da eleição de 2018. Mas o Congresso, com apoio dos partidos da oposição e aliados do governo, subiu para R$ 4,9 bilhões – valor sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Na pesquisa, 85,6% dos entrevistados disseram que o valor está muito acima do que deveria; 3,8% acharam o valor um pouco maior que o ideal. Totalizando, quase 90% que avaliam que o fundo eleitoral deveria ser menor. Só 3,3% dos entrevistados disseram que o valor está adequado.
Quando perguntados sobre qual seria o valor ideal, 59% responderam que seria zero, ou seja, que nenhum recurso público deveria ser repassado para os partidos financiarem as campanhas eleitorais; 20,9% disseram que deveria ser de, no máximo, R$ 1 milhão.
O valor do fundo eleitoral vem sendo questionado desde que foi aprovado, ainda em 2021. Na quarta-feira (23), o Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar uma ação do partido Novo, que pede que seja retomado o valor inicial do fundão para 2022, de R$ 2 bilhões.
A pesquisa perguntou aos entrevistados sobre a ação, e nove em cada dez disseram que o STF deveria reduzir o valor.
Apesar de o financiamento de empresas estar proibido, quase 76% dos entrevistados são contra a existência do fundo eleitoral com dinheiro público.
Marina Helena, diretora-executiva do Instituto Millenium, diz que os políticos devem ficar atentos a esse recado.
“Claramente, mostra um descontentamento grande em relação ao que está sendo proposto. Eu espero que seja uma mensagem que fique para os políticos de que esse emprego de tantos recursos públicos, nesse momento, para campanhas políticas está muito descolado da realidade da maioria dos brasileiros”, reforça.
Fonte: “G1/Jornal Nacional”, 23/02/2022
Foto: Reprodução