O Brasil conseguiu preservar quatro milhões de empregos após as medidas de combate à crise causada pela pandemia do novo Coronavírus. A informação é do secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, que concedeu entrevista exclusiva ao Instituto Millenium na manhã desta quarta-feira (29). Sachsida elencou as ações desenvolvidas, destacou que a prioridade é “resguardar vidas e empregos” e ressaltou: passado o momento de crise, a austeridade deve voltar a nortear as ações do governo federal. Ouça!
Entre as ações responsáveis pela preservação dos empregos, de acordo com o secretário de Política Econômica, estão a possibilidade de antecipar férias e feriados; suspensão de contratos de trabalho com apoio do Tesouro Nacional; além da redução da jornada de trabalho e dos salários, com a União complementando a renda.
“As medidas que nós tomamos, até o momento, salvaram mais de quatro milhões de empregos”, disse. Um dado mostra como o país conseguiu amenizar a crise: os pedidos de seguro-desemprego, que se manteve estável – ao contrário dos EUA, onde houve um disparo após o boom da pandemia.
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O secretário destacou que o plano de ação do governo federal tem cinco principais eixos: o auxílio à saúde; o suporte à população vulnerável; o fortalecimento do mercado de crédito; a proteção ao emprego e às empresas; e as transferências de recursos para estados e municípios. Sachsida lembrou que as ações foram planejadas e executadas antes do colapso no SUS, fazendo com que o país se preparasse para o pico da crise. “Todas essas pernas do programa ficaram operacionais antes do estresse na rede de saúde pública. O Brasil é líder neste quesito, na comparação com outros países, incluindo EUA e Alemanha. As medidas tomadas aqui foram elogiadas pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional”, disse, destacando a robustez das ações.
Uma das ações foi a Medida Provisória que simplifica o crédito, editada nesta terça-feira (28). A ação consistiu em retirar burocracias para quem pede dinheiro emprestado, sem alterar a classificação (rating) das pessoas. “Por exemplo: uma microempresa não poderia pegar dinheiro se não tivesse com o preenchimento em dia da RAIS [Relação Anual de Informações Sociais]. Num momento como esse, isso não é requisito. Se um indivíduo fosse à Caixa pegar dinheiro emprestado, teria que estar quite com o sistema eleitoral. Isso não é critério de rating de crédito neste momento”, alertou.
Sachsida também destacou o alcance do auxílio emergencial para trabalhadores informais e autônomos. São R$ 100 bilhões direcionados a 54 milhões de pessoas. A ação já é considerada o maior programa de transferência de renda da história do Brasil, e não é para menos: cada mês do auxílio representa um ano de gastos com o Bolsa-Família. O secretário reforçou também que o envio de recursos para estados e municípios garante que cada ente federado possa investir no combate à disseminação do vírus.
Após a crise, volta da austeridade
Uma preocupação da sociedade civil organizada, o retorno da política de austeridade tão logo a crise econômica seja superada também foi defendida pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Economia. Adolfo Sachsida destacou que a linha que vinha sendo adotada estava colocando o país nos trilhos do desenvolvimento e da geração de empregos, após escolhas erradas na condução da economia. “O teto de gastos está mantido e, tão logo cheguemos ao ano que vem, voltaremos à agenda de consolidação fiscal”, disse.
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Para retomar a economia, a palavra de ordem é insistir nas medidas que estavam tirando o Brasil da crise. Para se ter uma ideia, havia a perspectiva, no início do ano, de uma economia da ordem de R$ 419 bilhões com o pagamento de juros da dívida pública em quatro anos, por conta da redução das taxas de juros – que só foi possível com as medidas de austeridade, como a Reforma da Previdência. “Mas não foi só isso. Mexemos na alocação de recursos, com o novo FGTS. Mexemos na cessão onerosa, o maior leilão de campos de petróleo da história brasileira. O conjunto de medidas de consolidação fiscal tomadas no ano passado gerou ambiente favorável à redução da taxa de juros, liderada pelo Banco Central. Com isso, estávamos voltando a um crescimento sustentável de longo prazo”, disse.
Sachsida explicou que o maior desafio é a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB), que vai estar em uma taxa elevada, ao redor de 90%. “Temos que rapidamente retomar a nossa estratégia de consolidação fiscal e combate à má alocação de recursos. Reduzir a relação dívida/PIB é fundamental para que o setor privado tenha espaço para liderar a retomada econômica”, disse.
O secretário de Política Econômica também deixou claro que é preciso retomar a austeridade para que os erros cometidos após a crise de 2008 não se repitam agora – na época, medidas polêmicas, como a desoneração para setores específicos da economia escolhidos pelo governo; a adoção da política de campeões nacionais, com investimentos via BNDES para algumas empresas e a transferência de recursos de forma artificial, além de não ter trazido resultados práticos, gerou um cenário de recessão, que estourou nos anos de 2015 e 2016.