O fechamento de mais de 41 mil vagas em junho, metade pela indústria e metade pelo comércio, foi determinante para o comportamento do mercado formal de trabalho em junho. Mesmo com as contratações por empresas do agronegócio, o resultado líquido foi a eliminação de 661 postos, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em média, os analistas previam a abertura de cerca de 55 mil vagas formais. A queda do emprego com carteira é o mais novo obstáculo à retomada da economia nos próximos meses.
Removidos os efeitos sazonais, os números são ainda piores, apontando para o fechamento de até 18 mil postos em junho, nos cálculos do Departamento Econômico do Bradesco. Outros analistas calculam números dessazonalizados de até 25 mil postos a menos em relação a maio.
Em 2018, o mercado de trabalho já vinha dando sinais de mau comportamento, mas os números de junho reverteram as expectativas otimistas. No segundo semestre, a recuperação tende a ser lenta. Consultorias já rebaixaram a previsão de aumento do emprego formal deste ano de 500 mil vagas para cerca de 350 mil.
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A explicação mais evidente para a deterioração do mercado de mão de obra foi a greve dos transportes, que paralisou a produção industrial e afetou o comércio. A combinação de falta de mercadorias, preços elevados e produção em forte recuo tornou pouco viável a contratação de pessoal. Além disso, a decisão de contratar foi afetada pela falta de confiança no futuro da economia. Com isso, junho foi um mês difícil para todos, seja para os trabalhadores que querem se empregar, seja para as empresas que precisam elevar a produtividade do trabalho.
O mercado de trabalho vem se comportando mal em 2018, com aumento do emprego informal e das atividades por conta própria, enquanto o desemprego atinge mais de 13 milhões de pessoas. “Começamos 2018 pior do que nos anos anteriores em termos de geração de empregos”, disse o economista Thiago Xavier, da consultoria Tendências. Não fosse a agricultura, que contratou 40,9 mil pessoas em junho, os resultados seriam piores.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”