*André Abbud
Na última semana, a declaração de Mark Zuckerberg em defesa da liberdade de expressão e o fim dos fact-checkings no Instagram e Facebook marcou um ponto de virada no debate público sobre os limites da censura nas redes sociais. Ao mesmo tempo, a Amazon anunciou o abandono de políticas baseadas nos pilares da cultura woke e de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão).
Esses movimentos somados à eleição de Donald Trump como novo presidente dos EUA, apontam para uma tendência política e empresarial clara: o desmoronamento de um modelo ideológico e econômico insustentável.
Por anos, a cultura woke se tornou um mantra em diversas empresas. Grandes corporações investiram pesadamente em campanhas e políticas que promoviam valores progressistas, muitas vezes de maneira descolada de suas bases de consumidores e de suas realidades mercadológicas. No entanto, evidências mostram que essas iniciativas têm sido caras e trazido retornos pífios.
Um exemplo emblemático é o caso da Bud Light. A marca, que é a cervejaria patrocinadora do UFC, e cujo público alvo é o típico conservador americano, colocou um influenciador digital trans, com perfil explicitamente woke para realizar suas campanhas publicitárias. Como consequência disso, a marca enfrentou um boicote massivo de seus consumidores tradicionais, resultando em uma queda de vendas de 26% em apenas três meses e perdas financeiras superiores a US$ 4 bilhões no valor de mercado da Anheuser-Busch.
Esse não é um caso isolado. Análises de financeiras recentes sugerem que empresas que adotaram agendas alinhadas à cultura woke e políticas de DEI extremas, tiveram retornos inferiores de até 17% em comparação com aquelas que priorizam estratégias tradicionais focadas em produto e no consumidor. Enquanto isso, gigantes como a Apple e a Tesla, que evitaram abraçar completamente essa agenda, continuaram a registrar crescimentos consistentes. Elon Musk, por exemplo, já afirmou publicamente que “a cultura woke é um vírus que destrói tudo o que toca”, posicionando suas empresas em clara oposição a essa tendência.
A conexão entre a cultura woke e a chamada economia de stakeholders é central para entender essa dinâmica. Essa visão, amplamente defendida por acadêmicos e CEOs influenciados por ideologias progressistas, sugere que as empresas devem equilibrar os interesses de todas as partes envolvidas; empregados, comunidades e meio ambiente, muitas vezes em detrimento do lucro e da satisfação do consumidor. Na prática, essa abordagem se assemelha a uma forma disfarçada de socialismo corporativo, onde recursos são redistribuídos para grupos de pressão, com base em critérios ideológicos e não em resultados objetivos.
As consequências dessa mentalidade podem ser vistas em outros exemplos notórios: A Jaguar, em um esforço de rebranding, optou por uma estratégia explicitamente ideológica que alienou uma parte significativa de seu público tradicional. Em vez de valorizar seu histórico de excelência automotiva, a empresa adotou uma narrativa que prioriza causas sociais alheias ao interesse de seus consumidores principais, resultando em uma série de críticas e prejuízos à sua imagem no mercado.Mas como a cultura woke se infiltrou nas empresas?
Em grande parte, isso pode ser atribuído à academia, onde o pensamento progressista domina há décadas. Jovens formados em cursos com viés ideológico entram no mercado de trabalho e, como middle managers, implementam políticas que refletem suas crenças pessoais, e não necessariamente aos interesses das empresas. A geração millennial, em particular, tem se destacado por priorizar “disrupção” e ativismo, muitas vezes ignorando a lógica empresarial tradicional. Enquanto isso, diretores seniores, cientes dos riscos de longo prazo, frequentemente se veem pressionados a ceder diante do barulho criado por esses ativistas ideológicos, especialmente no ambiente digital.
A influência das redes sociais também é um dos fatores de maior impacto na agenda woke: pequenas bolhas de ativistas, embora minoritárias, se tornam extremamente vocais e intimidam tomadores de decisão. O medo de retaliações públicas e o medo de campanhas de cancelamento levam as empresas a adotarem posturas que não refletem a vontade da maioria dos consumidores.
No entanto, como casos como o da Bud Light demonstram, que o consumidor comum possui mais poder do que essas bolhas virtuais, e o impacto econômico de boicotes massivos está forçando um ajuste de rota.
Diante desse cenário, estamos assistindo a um retorno gradual à racionalidade. Empresas como a Amazon, ao abandonarem políticas woke, estão reconhecendo que o foco deve estar em atender às demandas reais dos consumidores e maximizar valor para acionistas e consumidores. A declaração de Mark Zuckerberg também aponta para uma nova era de liberdade de expressão, em que as corporações não mais servirão como instrumentos de controle ideológico.
O futuro parece promissor. A tendência de longo prazo dá indícios de que as empresas estão se afastando de ideologias divorciadas da realidade econômica e voltando ao bom e velha lógica de mercado. O mercado, em sua essência, é meritocrático. Apenas aqueles que oferecem valor verdadeiro ao consumidor sobrevivem. Assim, políticas que priorizam ideologia em detrimento da eficiência e da satisfação do cliente estão fadadas ao fracasso.
O fim da cultura woke não é apenas um ajuste de tendência; é o reequilíbrio de um sistema que sempre premiou a eficiência, o mérito e o respeito ao consumidor. Estamos caminhando para uma era em que o foco volta a ser a criação de valor, e não a virtude performativa. E, no fim, isso é uma vitória para todos.