A colonização sempre foi um recurso adotado para suprir as necessidades econômicas de países em crise. Os grandes impérios da Antiguidade foram feitos assim, invadindo, espoliando e escravizando países vizinhos ou nem tanto.
E toda revolução, interna ou externa, que tentou mudar isso quase sempre gerou tanta ou mais violência do que o regime que a precedeu, perseguindo e destruindo qualquer voz antagônica, doutrinando o povo à obediência cega, gerando novas elites sedentas de poder absoluto. Foi assim na Revolução Francesa, na Russa, na ascensão do fascismo e no nazismo, e na cultural chinesa, apenas para citar exemplos internacionais.
É fato que a maioria dessas revoluções foi uma “resposta” à insensibilidade dos poderosos anteriores, mesmo daqueles que se autodenominavam “do povo”.
A fim da II Grande Guerra decretou o ocaso do colonialismo: a maioria das ex-colônias obteve sua independência com guerras sangrentas, sendo que quase sempre os revoltosos contaram com ajuda financeira e militar de URSS, China e Cuba. Jogo: imperialismo capitalista x expansionismo comunista, disputado no Terceiro Mundo, para vender armas, obter matérias-primas e vender insumos e tecnologias!
Após a independência, no entanto, foi comum ver grupos que antes lutavam juntos passarem a lutar entre si, causando ainda mais mortes. A África que o diga…
Em todas as frentes, a intolerância étnica, cultural ou religiosa levou a extermínios: armênios, judeus, curdos, tutsis, palestinos, bósnios… A incapacidade de conciliar interesses políticos e religiosos, e reminiscências históricas geraram guerras civis e movimentos separatistas, nos quais o ódio sempre esteve presente, cultivado desde a infância, em certos casos. Uns ainda evocam as Cruzadas; outros, o Império Otomano.
Casos mais recentes, Hong Kong e Macau tiveram transições mais tranquilas. Afinal, alguém quer brigar com a China? No caso de Hong Kong, isso está mudando…
Hoje os interesses territoriais são menos importantes que os econômicos. Também são muito mais custosos e dramáticos: Indochina, Vietnã, Afeganistão, Iraque…
Os EUA, que costumavam apoiar governos opressores em seu “quintal”, só em 1979 perceberam que para conter o comunismo não era necessário combatê-lo com armas. Bastou pararem de apoiar ditaduras, que seus sucessores “revolucionários” logo caíram no desagrado do povo; e as crises econômicas subsequentes esvaíram a URSS até seu esfacelamento, autoconsumida pelo desejo de poder absoluto de seus líderes.
Na guerra de imperialismos, o comunismo soviético foi derrotado, deixando “órfãos” ideológicos, como Coreia do Norte e Cuba, por exemplo, regimes que só sobrevivem pela doutrinação e apoio econômico externo, pois ainda encontram simpatizantes saudosistas, que ainda acreditam que governos de partido único podem interpretar eternamente os interesses do povo.
A única exceção é a China, que mescla comunismo seletivo com capitalismo oportuno.
O problema de qualquer regime político está no discurso, muito parecido: todos se dizem honestos, pregam o respeito ao semelhante e falam em igualdade de direitos, mas esquecem a máxima: “Não basta que a mulher de César seja honrada, é preciso que sequer seja suspeita”, que pode ser bem traduzida para a popular: “Por fora, bela viola! Por dentro, pão bolorento!”. No fim das contas, o que cada partido faz é buscar sustentabilidade financeira e supremacia política, quando não única e eterna. Era o que queria Hitler. E milhões pagaram por isso, pelo mundo. Foi o que conseguiu Stálin, enquanto viveu. E 20 milhões de camaradas “deram” suas vidas por seu “ideal”.
Capitalismo ou comunismo, Weber ou Marx, na prática seus pragmáticos ou fanáticos preferem Maquiavel e Engels, que se confundem quando o assunto é atingir fins.
Esquecem que não existe democracia em países de partido ou religião única. Nesse “colonialismo ideológico” só existe fanatismo, intolerância e assédio!
Os radicais por opção ou doutrinação são “culpados” úteis, capazes de fazer qualquer coisa pelo que lhe impuseram ser um “ideal”, ídolo, líder “espiritual” ou “guru ideológico”. Radicais tão úteis quanto descartáveis, como Ramiro de Lorca foi para César Bórgia; os SA, para Hitler; e os que ajudaram Stálin a ascender ao poder.
No mais, não se faz democracia sem liberdade de expressão e respeito a opiniões divergentes! Não se faz democracia com ameaças, patrulhamento ou “colonialismo” ideológico, político ou religioso. Radicalismo é coisa de ditadura, qualquer que seja!
A democracia exige racionalidade e compromisso!
Quem acredita nela deve estar preparado tanto para vencer como para perder e, principalmente, ter o indispensável discernimento para entender que ganhar não garante razão ou poder absolutos, e que uma derrota nas urnas merece reflexão, e não revolução.
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