O brasileiro é imediatista e não economiza dinheiro. Este foi o resultado de um levantamento inédito, feito pelo instituto Datafolha, no qual 65% das pessoas entrevistadas informaram que não poupam para o futuro. O número também é alto entre os mais ricos, onde cerca da metade admitiu não fazer reservas. Em entrevista ao Instituto Millenium, o economista Gustavo Grisa fala sobre os fatores que estimulam essa cultura no país, além dos malefícios que o hábito traz para a economia como um todo. Ouça!
Grisa aponta as questões que motivam esta realidade. Entre elas, está o ambiente de instabilidade econômica em que vivem os brasileiros. Com as flutuações de renda da classe média, em momentos de bonança após crises, ela recupera o consumo não realizado em outras ocasiões, deixando de lado o ato de poupar. Outro fator apontado pelo economista é o descrédito nas instituições financeiras e de poupança já que, no passado, a população enfrentou situações onde tais sistemas não funcionaram. Além disso, a Previdência desproporcional e os benefícios oferecidos ao setor público criam a ideia de que o governo vai suprir parte das expectativas do indivíduo, estimulando um cenário onde nunca faltará dinheiro. Situação que começa a mudar com os efeitos da grave recessão.
“Essa mesma cultura está na gestão pública e política do Brasil, com a ideia de operar sempre em déficit e gastar tudo o que pode no seu mandato”, esclarece Grisa, salientando que a população que não guarda seus rendimentos acaba tendo que ser amparada pelo poder público futuramente, o que prejudica a qualidade de serviços importantes, como a saúde.
Para o economista, a reforma da Previdência ajuda a mudar este paradigma, já que a conquista do benefício será adiada, estimulando o brasileiro a poupar mais. No entanto, ele acredita que ainda será preciso envolvimento da sociedade e dos meios de comunicação nesta conscientização, além de um incentivo a um sistema paralelo à aposentadoria pública. De acordo com o levantamento, apenas 14% dos entrevistados que trabalham com carteira assinada ou no funcionalismo público possuem previdência privada. “Sem isso, nós corremos o risco de ter um problema social quando os brasileiros alcançarem uma idade em que precisarão de renda extra”, destaca Grisa.
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