As convenções partidárias para as eleições de 2018 começaram no dia 20 de julho e vão até 5 de agosto. Este é o prazo para que os partidos políticos oficializem seus candidatos e firmem alianças para a corrida eleitoral. Em entrevista ao Imil, o cientista político e especialista do Instituto Millenium, Nuno Coimbra, analisa o indefinido cenário da busca por apoio e minutos a mais no tempo de televisão.
As alianças partidárias ajudam os partidos a ganhar terreno na política e aumentar as chances de sucesso nas eleições. No entanto, no Brasil, engana-se quem pensa que ideias em comum são o motivo que unem siglas, explica Coimbra: “Infelizmente vivemos um momento em que o sistema partidário está muito fragmentado e com crise de representatividade. Há mais de 30 partidos com representação no Congresso, mas não temos 30 propostas e maneiras diferentes de ver o país. A existência das siglas está sendo norteada mais para a ocupação de cargos públicos. Mais do que as afinidades ideológicas, as alianças acabam se formando por benefícios como o tempo de TV”. Ouça a entrevista completa no player abaixo!
Marcada pelas crises que abalaram o sistema político brasileiro nos últimos anos, a corrida presidencial de 2018 é considerada atípica pelos especialistas, sobretudo pela sua indefinição a poucos meses do pleito. As coligações ainda não foram definidas e até os candidatos bem avaliados nas pesquisas não divulgaram sua chapa. Neste contexto, Nuno salienta que o chamado “centrão”, formado por partidos sem ideologia definida, pode ter papel determinante na campanha:
“O chamado ‘centrão’ é decisivo por duas questões. Ele consegue se mover ideologicamente mais para um lado ou outro e já chegou a apoiar candidatos de tendências ideológicas distintas, a centro-esquerda ou centro-direita. Eles ajudam também a dar o apoio que os partidos precisam no Congresso. Por conta da fragmentação partidária, é necessário compor com várias siglas para aprovar propostas legislativas e o ‘centrão’ pode oferecer o suporte necessário para aqueles com maiores propensão de governar”. Para o especialista, o consenso no apoio a determinado candidato deve ser mais difícil este ano, justamente por conta do cenário pulverizado das candidaturas.
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Para colocar o Brasil em um caminho de crescimento econômico, político e social é fundamental escolher líderes capacitados e comprometidos com seus eleitores. E o poder de escolha está nas mãos de toda a população. Muito além das propostas, Nuno salienta que os brasileiros devem ficar atentos a outras questões na hora de apoiar seu candidato.
“É fundamental verificar o histórico dos políticos. Se eles já ocuparam cargos públicos, o que fizeram quando foram senadores, deputados, prefeitos etc., o que já realizaram e o que conseguiram cumprir. Vivemos em um momento de escândalos de corrupção, então também é importante estar atento a isso. Verificar se o candidato responde a processos, se está sendo investigado ou se foi condenado em primeira instância”, aconselha.
Assista o hangout “A reforma política”, com Nuno Coimbra, Sebastião Ventura e Paulo Moura: