Nada melhor do que o começo de um novo ciclo para refletirmos sobre o que passou e traçar novos caminhos. O começo de 2019, entretanto, é um daqueles momentos diferentes, de maior significado com a chegada de um novo governo. Mais do que isso, é o começo de um novo governo que representa uma ruptura, o que fornece ainda mais expectativa sobre aquilo que o futuro nos reserva.
A ideia é de um recomeço, de uma nova oportunidade de fazermos diferente, de evitar os erros do passado e traçar novos caminhos. Uma mudança profunda está em curso, especialmente diante dos rumos que o país tomou desde a implementação do modelo atual, que completa nestas eleições três décadas. Neste último ciclo vimos a construção de uma enorme máquina pública que sustenta um modelo corporativista que atingiu em cheio o equilíbrio das contas do governo. Um sistema que nunca gerou ganhos reais ao brasileiro e que dilacera nossa capacidade de evoluir como nação.
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O encerramento do ciclo da Nova República fornece a oportunidade de rever este caminho respaldado pelas urnas, que decidiram colocar um fim no modelo anterior, como a cada 30 anos ocorre em nossa política desde Deodoro da Fonseca. Assim como ele, a chegada ao poder de Getúlio Vargas, Jânio Quadros e Fernando Collor representaram o ápice de um processo de mudança cíclico que delineou o modelo político das próximas três décadas.
A eleição de Bolsonaro representa o ápice desde processo neste fim de ciclo, que iniciou com as manifestações de 2013, passou pela Lava Jato, impeachment, desgaste do petismo e ascensão do conservadorismo. Um processo que se acomoda até 2022, quando teremos a exata noção de qual o caminho será trilhado pela nossa política pelos próximos 30 anos, o que alguns já chamam de Sétima República.
Fato é que a chegada dos conservadores ao poder quebra o sistema estabelecido pelo ciclo anterior de forma profunda, uma vez que carrega em si um liberal-conservadorismo que visa defender os valores ocidentais que nos caracterizam com nação, ao mesmo tempo que desregula e abre nossa economia. Representa uma ruptura com o social-estatismo vivenciado pelo país, rompendo também com o social-desenvolvimentismo trazido pelo petismo em suas passagens pelo governo.
A grandiosidade desta mudança está representada pela forma como foi operada a ruptura, de maneira aberta e democrática, como resultado de uma opção feita pelo povo em eleições livres. A mudança foi operada pelo voto, pelo desejo da população em transformar, referendando os pilares deste novo governo: resgate de nossos valores como nação, abertura de nossa economia e combate sem tréguas contra a corrupção, representada nestas frentes pelas escolhas de Sérgio Moro para comandar a Justiça, Paulo Guedes na Economia e Ernesto Araújo nas Relações Exteriores.
Bolsonaro representa uma ruptura e um recomeço. Mais do que iniciar 2019, o Brasil dá um passo na direção do equilíbrio político que irá se estabelecer por pelo menos mais três décadas.
Fonte: “O Tempo”, 31/12/2018