Os ânimos acabaram se exaltando por estes dias. Muito radicalismo não é legal. Observamos muita gente “contaminada” pelo clima criado pela mídia e, claro, pelas intervenções nem sempre “produtivas” do presidente Bolsonaro.
Sobre estas intervenções, em sua maioria, desastradas, começo a duvidar sobre o interesse dele na aprovação da reforma da Previdência. São tantos bodes na sala colocados por ele que nós começamos a duvidar. Decisões devem ser tomadas e não anunciadas em twitter para virar fofoca.
A última foi o imbróglio na transferência de recursos, retirados da área de Humanas para Exatas e biomédica, no caso, medicina, engenharia e veterinária, se não me engano.
Realmente, o momento das universidades públicas é dramático sim. Estudei no CAp da UFRJ por 12 anos da minha vida nos anos 70 e 80. Naquela época, todos tremiam pelas matérias de exatas, consideradas bem fortes. Era o funil em todos os anos. Física, Química e Biologia também eram temidas ou consideradas.
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Há alguns meses, encontrei alguns alunos do CAp e perguntei como estava a escola, tão considerada nos anos passados. Perguntei sobre as matérias de exata e, qual foi minha surpresa, todos me responderam que estas matérias haviam sido esvaziadas. Não eram mais temidas. O que interessava agora eram matérias como artes, sociologia, etc.
Amigos, nada contra. Quem é bom nestas áreas eu respeito. Quem possui o rigor científico eu considero. Vocação é vocação. Não se discute. No entanto, eu vejo muito jovem migrando das exatas para as humanas, pela dificuldade das matérias, fugindo do tranco. Esta é a realidade, isso é fato! Acabam virando militante político, influenciados por professores esquerdistas.
Estamos criando gerações de “vontade fraca”, jovens mimados, acomodados ou muito imediatistas, sem paciência. O processo de absorção de conhecimento é lento e assim deve ser tratado. Os jovens não tem esta paciência.
Chegamos então onde queríamos. Estes jovens ingressam nas universidades públicas totalmente perdidos e vão aos poucos sendo doutrinados por professores “antiquados”, alguns cassados e perseguidos na ditadura. Só que os tempos mudaram. São outros. Este debate em torno de esquerda e direita se diluiu com o tempo. Hoje o que vale é produtividade, ganhos de escala, é ter setores e sistemas econômicos eficientes. A esquerda ficou pelo caminho, devorada pelo “aparelhamento” da máquina pública, pelas mamatas criadas, pela corrupção, por interesses menores, etc. A direita segue na sua batalha pela preservação de valores, pela defesa da família, dos bons costumes, contra os excessos, e por aí vai.
Precisamos desarmar os espíritos. Todos estão muito tensionados e o debate é extremamente beligerante. A agenda a ser considerada diz respeito às reformas, a da Previdência deslanchando, para depois abrir espaço para outras. O debate sobre educação é importante também, mas antes de assumir uma atitude corporativista é preciso assumir que as universidades públicas estão pessimamente ranqueadas nos vários estudos e pesquisas internacionais.
Vamos parar de fazer política, se perder em parábolas ideológicas, e começar a produzir paper científicos consistentes, produzir ciência? Falar menos e trabalhar mais. É por aí mesmo…