*Por Juan Valenzuela
* texto original em espanhol, tradução livre
A equipe de economistas da Universidade de Chicago, que teve sua atuação durante os anos 1973-1990, recebeu do governo de Allende um dos países mais pobres da américa latina. Com o fim desse governo marxista, o Chile estava quebrado, sem financiamento internacional, mais de 800 empresas estatizadas, 3500 preços de produtos fixados, déficit na balança de pagamentos, inflação galopante e um banco central sem reservas. A única opção era diminuir o aparato estadual e focalizar esforços de crescimento do país, baseada em uma economia que poderia gerar investimentos, novas empresas, empregos e, portanto, impostos para reorientá-los em benefícios para a população que, segundo a Cepal, a pobreza superava 60%.
Pela primeira vez no mundo, o pensamento da Universidade de Chicago teve a oportunidade de pôr em prática suas ideias. Chile foi sua cobaia e gerou uma profunda reestruturação da administração pública do país, o que se chamou de reforma de Primeira Geração do Estado e que se caracterizou por cortes nos gastos públicos, liberalização financeira, privatização de empresas estatais, desregulamentação, proteção de direitos de propriedade e mercados abertos, modernização do governo, diminuindo a burocracia, controles excessivos e intervencionismo do setor público. Isto aumentou a eficiência, produtividade e se focalizou ao atendimento da cidadania.
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As bases desse transcendental câmbio, que foi copiado depois pelo governo inglês da Margareth Thatcher e por Ronald Reagan, estão detalhadas no livro “El Ladrillo” (o tijolo), que é um documento de estudo para as novas gerações de economistas.
Foram eliminadas as licenças obrigatórias para trabalhar, permitindo a liberdade das pessoas para trabalharem sem ter que financiar grupos de poder político. Se simplificou e unificou os salários que eram mais de 120 modalidades diferentes e que cada escritório do governo pagava de acordo com seus critérios.
A Constituição de 1980 estabeleceu o papel subsidiário do Estado. Isto permitiu que o governo execute somente as atividades econômicas que não puderem ser realizadas por empresas privadas, tais como relações exteriores, defesa nacional e o exercício dos poderes legislativos, entre outros.
O emprego no setor público diminui de 14% do emprego total, em 1973, para 6,9%, em 1985, gerando enorme economia por tarefas duplicadas, obsoletas ou ineficientes.
Na década de mil novecentos e oitenta (82-84), a economia do país passou por um período de turbulência econômica devido à recessão internacional e liberação da taxa de câmbio. Dentro do governo, vozes discordantes e populistas surgiram para enfrentar a continuação de reformas econômicas e a pureza do processo. Houve atrito dentro do governo para alterar a base de reformas que, nos meados dos oitenta, já com a economia em expansão, se assentaram a pureza do modelo original.
Anos 1990 até hoje
O ano 1989 marcou o fim dos economistas de Chicago e a chegada de economistas de universidades europeias e universidades norte americanas, mas perto de teorias de esquerda e centro esquerda. A classe política, em os sucessivos governos, começou a turvar as reformas, introduzindo mudanças mal concebidas, como a Constituição, sistemas previdenciários, saúde, reajustes constantes de impostos, reformas trabalhistas e investimentos estrangeiros, entre outros.
Começou a mudar o sistema e foi denominado processo ou de ‘modernização do Estado’, que culminou no escândalo de bônus em 2000, no qual os governos entregavam pagamentos secretos e sem nenhum controle para os servidores públicos.
O anterior obrigou à implantação do Sistema de Gestão Pública Superior, sistema que buscava tornar as contratações transparentes, regular os salários e profissionalizar o emprego público.
O emprego público formal cresceu moderadamente, mas os empregos temporários e sem controle deste sistema representam 26% do emprego público total.
O emprego público tornou-se novamente um centro de poder e agência de emprego de grupos políticos. Em 2020 os funcionários públicos representam 19% da força de trabalho total do país, aumentando nos últimos 6 anos cerca de 30%.
Os 56% dos funcionários públicos ganham mais de US $ 1.260, mas somente 19% dos funcionários privados têm esse salário.
E 38% do orçamento do governo do Chile é alocado em projetos que têm pouco ou nenhum retorno social, mostrando que o índice de Gini para o Chile, que mede a eficiência antes e depois dos impostos, é quase a mesma. A conclusão é o enorme aparato estatal que suga dinheiro público em projetos sem sentido social.
As alterações ao modelo original estão resultando no colapso do crescimento econômico, investimento, a fuga de capitais, aumento do desemprego e aumento da dívida Internacional do governo, que passou de 13,22% para 33% no ano 2000, e se projeta 70% para 2030.(Banco Central de Chile)