Se optar por uma regra de transição mais dura que a proposta de reforma da Previdência de Michel Temer, o governo pode garantir, em uma década, uma economia extra de R$ 275 bilhões em relação à prevista com o texto que está parado na Câmara. A estimativa foi feita a pedido do “Globo” pelo economista André Gamerman, da ARX Investimentos. Segundo técnicos da equipe econômica, o projeto a ser apresentado ao presidente Jair Bolsonaro ainda não está fechado, mas o plano de encurtar o tempo de transição é um dos caminhos estudados, justamente por causa do impacto fiscal mais significativo já nos primeiros anos.
O projeto que chegou a ser analisado em comissão especial do Congresso prevê um tempo de transição de 21 anos. Somente após esse período, as idades mínimas seriam de 65 anos para homens e 62 para mulheres. Essa regra, somada aos outros parâmetros previstos na proposta, geraria uma economia de R$ 492 bilhões. O cálculo de Gamerman considera os mesmos parâmetros desse texto, alterando apenas o tempo de transição para dez anos. Nesse caso, a economia gerada seria de R$ 767 bilhões em uma década — ou seja, R$ 275 bilhões a mais.
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O cálculo é aproximado, já que nem a equipe econômica tem essas estimativas, segundo técnicos ouvidos pelo “Globo”. Gamerman trabalhou por anos ao lado do economista José Márcio Camargo, que faz parte do conselho de notáveis reunido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O analista disse que a definição sobre o tempo de transição deve fazer diferença nos cofres públicos nos próximos anos.
– O tempo de transição é uma das coisas mais importantes para o médio prazo.
Segundo fontes da equipe econômica, a transição mais curta ainda está na mesa. O conselho formado por Guedes deve se reunir ainda esta semana para fechar detalhes da proposta que será apresentada a Bolsonaro. Nesta terça-feira, o ministro da Economia disse que a transição da proposta do novo governo terá “a mesma profundidade” que a de Temer, sem especificar se se referia ao mesmo tempo de duração:
– A regra de transição, nós estamos simulando. A proposta que existia antes tinha uma regra de transição de 20 anos. Nós estamos fazendo algo da mesma profundidade.
Fonte: “O Globo”