Há anos o Brasil sofre com um endividamento cujo juros representa 40% do orçamento do governo federal. A origem desse endividamento é a mais pura operação matemática: gastos maiores do que a receita.
Destacamos dois motivos principais para essa conta não fechar: a Constituição de 88, que travou o orçamento, e o esbanjamento dos governantes, que gastam o que não têm e arrastam a conta para o futuro.
Recentemente, o Ministro Paulo Guedes fez uma preocupante previsão, a volta de uma velha conhecida dos brasileiros, a hiperinflação. O economista Roberto Luis Troster lembra como foi difícil sair da hiperinflação e comenta a situação atual. Ouça o podcast!
“O último caso foi em 1989, que acabou sendo o plano Collor. Depois tivemos uma série de planos e, finalmente, em 1994 conseguimos acabar com esse processo”, disse.
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Mas o que é hiperinflação e no que ela se difere dos outros cenários econômicos?
A inflação baixa, muitas vezes mencionada como zero, é aquela abaixo de 3% ao ano, em que os preços estão estáveis. São os reajustes de preço que ocorrem, por exemplo, por uma melhoria no serviço ou produto ofertado.
Em uma alta temporária de preços, a situação se caracteriza por um choque temporário, uma ação que impactou o mercado, como uma subida no câmbio, que acaba ocasionando a alta de preços de algum alimento, por exemplo. Quando o câmbio cai, o preço daquele determinado alimento cai junto.
Já no processo inflacionário, as empresas reagem à inflação com reajustes automáticos de seus produtos. Um eterno ciclo de reajustes difícil de ser quebrado, como explicou Troster: “É um processo que se auto alimenta, por um mecanismo de indexação, por mecanismos de recomposição da renda”, contou.
A hiperinflação, por sua vez, se caracteriza pelo descontrole. Um gasto superior à capacidade da economia de produzir. A inflação subindo todos os meses e um aumento de preços cada vez maior. “O governo gasta mais do que arrecada, aí o setor privado começa a se proteger, vendo que vai aumentar a inflação, começa a se antecipar a isso e entramos numa dinâmica perversa”, explicou o economista.
Além de atrapalhar a produção das empresas, a hiperinflação é responsável pelo empobrecimento da outra ponta, os consumidores. Troster alerta para o poder destrutivo da hiperinflação.
“As empresas não se viabilizam, cresce a miséria, aumenta a concentração de renda. Normalmente, as rendas mais altas conseguem se proteger, investindo em divisas ou em ativos reais. Os mais pobres não têm como, então, além de destruir empresas, você destrói especialmente os mais pobres”, alertou.
Necessidade de Reformas
Apesar de o caminho apontar para a privatização como a grande salvadora, é preciso entender que, sem reformas em vários âmbitos, o Brasil não se sustenta. “As privatizações ajudam a diminuir a dívida bruta, é verdade, mas se você não fizer as outras mudanças, nós só estamos empurrando o problema mais para frente”, opinou Troster.
A necessidade de desburocratização é um dos pontos a ser considerado. Desde a hora que o indivíduo nasce, empreende, paga impostos e morre, está cercado por documentos e procedimentos repetidos, que facilmente poderiam ser simplificados.
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“Cada cidadão tem o PIS, o CPF, o RG, o título de eleitor, carteira de trabalho, o certificado de reservista. Aí, bioidentificação: polícia federal faz uma, justiça eleitoral faz outra. Poderíamos ter um cadastro só, seria mais fácil para o cidadão”, sugeriu.
O mesmo acontece com as empresas, que precisam ser abertas no âmbito federal, estadual e municipal, além de vários órgãos diferentes, em processos burocráticos que só desestimulam o empreendedor.
+Millenium Explica: Por que precisamos combater a burocracia?
Com menos burocracia o país se tornaria mais atrativo para investimentos, mais competitivo economicamente, melhorando a nossa posição no ranking do Banco Mundial que mede a facilidade para fazer negócios. Atualmente, ocupamos o 124º lugar, entre 190 países.
“A dívida tem que crescer mais devagar do que cresce o PIB. Então, temos que focar também em fazer o PIB crescer mais rápido”, sugeriu o economista.
Com mais investimentos, aumenta a oferta de emprego e o poder de compra da população, fazendo o PIB subir, evitando que o fantasma da Hiperinflação volte a nos assombrar. “Precisamos ter uma agenda Brasil focando em eficiência, em equidade, estabilidade”, finalizou.
Caro leitor, por essas razões é tão importante que você fiscalize e cobre ações dos seus representantes. A aprovação das Reformas também depende do seu apoio. A nossa página da Cidadania pode te ajudar com o exercício da democracia, conheça!