As chuvas de verão que têm caído com força em quase todo o país podem trazer alívio à conta de luz no primeiro quadrimestre. Com os reservatórios mais cheios, o uso de energia das termelétricas, que é bem mais cara, hoje é menos da metade do que era usado em novembro. Em janeiro, pela primeira vez em seis meses, a bandeira tarifária voltou a ser verde, livrando o consumidor de cobrança extra na conta de energia. E, se o volume de chuvas se mantiver nesse ritmo ao menos até abril, quando encerra o período chuvoso, principalmente no Sudeste/CentroOeste, onde se encontra o principal subsistema brasileiro, a tendência é que o preço desse serviço permaneça “razoável” no período, informou o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata.
De acordo com o ONS, o volume de água previsto para chegar aos reservatórios e ser transformado em energia em janeiro é 5% maior do que a média histórica para o mês. No reservatório do Sudeste, que responde por mais de 70% da capacidade de armazenamento do país, o volume de água passou de 18%, em outubro, para 34% este mês.
— Se continuarmos com a mesma intensidade de chuvas, chegaremos a 60%, em abril, quando termina o período úmido. Se chegarmos a essa faixa, teremos um ano mais confortável para a operação do sistema. Isso significa que não vai faltar energia. Ligar termelétricas vamos ligar. Depende do volume de chuvas ligar mais ou menos — afirmou Barata.
A dúvida sobre o quanto ainda irá chover, pondera Barata, está na dificuldade de se fazer previsões meteorológicas em médio e longo prazo:
— Usamos as previsões de institutos de meteorologia que existem no Brasil e a taxa de acerto é razoável quando falamos de horizonte de uma semana ou 15 dias. Dali para frente é difícil. Em todas nossas projeções trabalhamos com probalidades.
O meteorologista Alexandre Nascimento, do Clima Tempo, confirma as boas previsões para chuvas até abril:
— A expectativa para as próximas duas semanas, ou seja, até o final de janeiro, é de pouca chuva nas principais bacias que armazenam água no Sudeste e Centro-Oeste. Mas, possivelmente, fechará este mês igual ou muito parecido com janeiro de 2017. Se pensarmos em fevereiro, março e abril, provavelmente fecharemos este período com um pouco mais de água do que em 2017.
Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a situação dos reservatórios não é tão confortável quanto o avaliado pelo operador nacional:
— O nível dos reservatórios melhorou muito do final do ano passada para cá, mas é preciso aguardar, pois a situação não é de tanta tranquilidade, em relação ao abastecimento. O principal reservatório do Sudeste, que é Furnas, tinha 10% do volume útil de água ano passado, e passou para apenas 17%, atualmente. O governo está vendendo muito otimismo.
O nível dos resevatórios é um dos indicadores considerados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ao determinar a bandeira tarifária em cada mês. A de fevereiro será anunciada no próximo dia 26.
Em outubro e novembro do ano passado, em razão dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas e da escassez de chuvas, a bandeira tarifária adotada pela Aneel foi a vermelha patamar 2, a mais cara do sistema, com cobrança adicional de R$ 5 para cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.
Em dezembro, a agência reguladora baixou a bandeira vermelha para o patamar 1, quando são cobrados R$ 3 a cada 100 kWh. A taxa extra se deve ao acionamento das usinas térmicas, que tem um custo maior para a produção de energia.
Fonte: “O Globo”
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