De tempos em tempos surge um grupo de startups que se destaca pela criação de soluções para um determinado setor. Este é o caso das HR Techs, como são chamadas as empresas focadas nas demandas de profissionais de recursos humanos.
Com soluções que aumentam a eficiência de processos de recrutamento e gestão de pessoas, essa nova leva de startups desperta o interesse de grandes corporações e fundos de investimento.
De acordo com a HR Technology Disruptions, pesquisa realizada pela consultoria Deloitte, as HR Techs receberam US$ 1,8 bilhão em aportes nos últimos dois anos — US$ 900 milhões injetados durante o primeiro semestre de 2017.
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Entre as startups brasileiras que se destacam no setor, está a Pin People. Fundada em 2014 por Isabella Botelho, 30 anos, e Frederico Lacerda, 31, a empresa oferece uma plataforma que identifica os perfis de profissionais mais adequados para ocupar vagas em aberto.
A tecnologia tem como base o preenchimento de questionários nos quais colaboradores, candidatos e gestores definem o seu estilo de trabalho e a cultura organizacional da empresa.
As informações são cruzadas e transformadas em relatórios que analisam a sinergia entre os profissionais e os perfis desejados pelo contratante. “A maioria das empresas costuma contratar pela competência e demitir pelo comportamento. Nosso objetivo é inverter essa lógica e tornar o processo de seleção mais assertivo”, afirma Isabella.
Em três anos de operação, a Pin People contabiliza mais de 50 mil profissionais mapeados. Segundo a fundadora, o sistema reduz o tempo de processos seletivos em até 73 horas, dependendo do volume de candidatos analisados.
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O modelo de negócio é baseado na cobrança de assinaturas — o pacote básico custa R$ 1,6 mil por ano. A lista de clientes inclui o banco Santander e as consultorias Accenture e KPMG. “Além de tornar o processo mais ágil, o uso de tecnologia evita que as informações se percam em fichas e papéis. Isso termina gerando um banco de dados muito mais confiável”, afirma Isabella.
HÁ VAGAS
O potencial das startups de tecnologia no setor de recursos humanos
US$ 140 bilhões
É o valor gasto anualmente com programas de treinamento e desenvolvimento. Desse total,
cerca de US$ 5 bilhões são investidos em plataformas de capacitação profissional
US$ 1,8 bilhão
Foi o total de aportes recebidos por HR Techs em 2017
US$ 1,2 mil
É o valor médio que grandes empresas investem na formação de um funcionário
70%
É a redução do tempo gerada pelo uso de ferramentas de tecnologia em processos de recrutamento e seleção
45%
Das corporações pretendem aumentar seus gastos com tecnologias de RH em 2018. O índice entre negócios de pequeno e médio porte é de 5%
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RECRUTAMENTO AMIGO
Duas startups que facilitam a relação entre candidatos e recrutadores de grandes empresas
Love Mondays
A Love Mondays desenvolveu uma plataforma que reúne resenhas sobre salários e ambientes de trabalho em grandes corporações e startups. As avaliações são feitas anonimamente pelos próprios funcionários das empresas.
Para acessar as que tratam da remuneração, os usuários precisam compartilhar informações sobre os próprios empregos. Lançada em 2013 por Luciana Caletti, 37 anos, a startup paulistana reúne uma base de mais de 3 milhões de profissionais cadastrados.
Empresas como B2W, Oracle, Ambev, Buscapé e Avon fazem parte da carteira de clientes. “Os gestores podem acessar a plataforma para fazer correções no ambiente de trabalho a partir das críticas dos próprios colaboradores. As empresas bem avaliadas, por sua vez, podem aumentar a sua atratividade com anúncios e avaliações positivas”, afirma Luciana. No final de 2016, a Love Mondays foi adquirida pela americana Glassdoor.
A chegada do novo controlador deu início a uma estratégia de expansão internacional — o serviço está disponível na Argentina e no México desde o ano passado.
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Pymetrics
Baseada em Nova York, a Pymetrics usa ferramentas de inteligência artificial para identificar candidatos aptos a ocupar vagas de alto desempenho. O sistema tem como base a aplicação de jogos de neurociência. As sessões duram 20 minutos e incluem análises de inteligência cognitiva e emocional.
O objetivo é oferecer uma solução mais assertiva do que os tradicionais testes de personalidade aplicados por gestores de recursos humanos. Fundada pela dupla de cientistas americanas Frida E Polli e Julie J Yoo, a startup oferece soluções para o planejamento de carreiras de colaboradores internos.
O público-alvo são as grandes corporações — a consultoria Accenture e a Unilever estão entre as 50 empresas que já testaram o serviço. Cerca de quatro anos após o início da operação, a Pymetrics levantou mais de US$ 16 milhões em fundos internacionais de capital de risco.
A última rodada foi realizada em setembro do ano passado, quando as fundadoras receberam US$ 8 milhões do Jazz Venture Partners.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”