Na última terça-feira 5 de junho, o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, encerrou o ciclo de palestras “Ibmec Conference”, promovido pelo Ibmec em parceria com o Instituto Millenium.
Civita levou o auditório a uma viagem pela história recente do Brasil e os efeitos de seus desdobramentos na sociedade. A retrospectiva passou pela ditadura militar, momento crítico, no qual o palestrante lembrou a presença constante de censores do Estado na redação da revista “Veja”, assim como pelos tempos de hiperinflação.
Desafios
O presidente do Grupo Abril palestrou em tom crítico sobre os problemas que o Brasil enfrenta. “Muito pouco tem sido feito”, afirmou. “As taxas de juros permanecem altas, e os impostos, que sugam 36% do PIB, tornam o Brasil caro e difícil. A burocracia é outro fator extremamente negativo. Uma empresa, no país, gasta em média 2.600 horas anuais com o preenchimento de formulários. Na Alemanha, esse número está em torno de 220 horas.” Além desses, outros problemas estruturais foram apontados por Civita: o enorme gasto público, a ineficiência da educação, a legislação trabalhista, a previdência social “insustentável“ e a corrupção da política brasileira.
Educação
Roberto Civita ressaltou a importância da educação no processo de desenvolvimento do país: “Precisamos livrar nossa educação de pragas ideológicas. Precisamos de metas, resultados, meritocracia para professores. Uma educação que prepare nossos jovens, pois somente com educação conseguiremos saltar a inovação. Hoje apenas 0,1% das patentes registradas do mundo são brasileiras. Nossos alunos estão entre os mais mal preparados do mundo. Atacar esses problemas é a chave para colocar o Brasil em uma nova rota de crescimento”. Civita lembrou a urgência em aproveitar o momento de atual de oportunidades: “Quando a janela do bônus demográfico brasileiro acabar, o que vai acontecer? A população ainda é jovem e capaz. Precisamos acordar. Se não aproveitarmos o quanto antes, a força da demografia vai lutar contra o Brasil. Os gastos com previdência vão ser enormes. Se nosso nível de poupança se mantiver como está hoje, levaremos 22 anos para dobrar a renda per capita da população”, concluiu.
Imprensa
O convidado da palestra de encerramento do “Ibmec Conference” finalizou sua participação falando sobre imprensa e empreendedorismo. Em meio a histórias que consolidaram o sucesso do Grupo Abril, Civita destacou a importância da vigilância dos meios de comunicação: “A imprensa livre é o alicerce da democracia e instrumento essencial para aprofundá-la. A mídia dá voz a quem não tem e joga luz na sociedade. Em hipótese alguma ela pode ser censurada“.
Civita destacou efeitos positivos da livre iniciativa jornalística: “A consciência da população sobre seus direitos aumenta. Responsabilidade fiscal, respeito a contratos, estabilidade e luta contra a corrupção são desafios que entram no país pelas páginas de jornais e revistas”.
“A imprensa livre é o alicerce da democracia e instrumento essencial para aprofundá-la”
Concordo. Pena que imprensa livre seja uma coisa que NÃO exista no Brasil.
Se o Millenium é tão democraticozinho como diz que é, vai publicar esse meu comentário. Caso contrário…
A imprensa livre é essencial, mas é também de suma importância que seja responsabilizada pelos seus atos.
Quanto à educação, sabemos da sua importância, porém, as SEEs e o MEC, em vez de atribuir os resultados exclusivamente à má qualidade dos professores, deveriam ter consciência que estes foram formados sob as regras desses mesmos órgãos. Os tecnocratas da educação precisam colocar os pés no chão e saber que o nosso país tem dimensões continentais, com diversas culturas. A imprensa pode fazer muito para colaborar na busca de soluções. A desmoralização dos professores perante os seus alunos é algo que precisa ser tratado com seriedade, em lugar de publicações sensacionalistas tomando como base fatos isolados, sem considerar as condições de trabalho dos professores.
Imprensa e’ livre, mas tendenciosa.
A imprensa livre, sem dúvida, tende a consolidar a democracia, principalmente,quando a oposição deixa de exercer o seu papel fiscalizatório, conforme estamos vendo atualmente. Por outro lado, a imprensa verdadeiramente tendenciosa, sequer assim merece ser chamada. Trata-se, isso sim, de esbirro do poder dominante e vassala de uma ideologia barata e desmoralizada. Um governo que apela para esse tipo de expediente demonstra um total desrespeito pelas instituições e, mais especificamente, pelo povo que governa. Age com desconfiança, porque não considera nem a si próprio. Daí, quando o povo acorda, tudo vem abaixo num piscar de olhos.