O articulista convidado do Instituto Millenium, Rubens Barbosa, em seu mais recente artigo “A Bienal precisa acontecer”, critica a postura do Ministério da Cultura (MinC), que por questões “administrativas e burocráticas”, ameaça a realização da 30ª exposição internacional da Fundação Bienal de São Paulo.
De acordo com Barbosa, mesmo após as explicações referentes aos convênios realizados pela Fundação no período entre 1999 e 2007, o MinC incluiu a instituição no cadastro de inadimplentes e bloqueou os recursos destinados à exposição via Lei Rouanet, impossibilitando a realização da mesma. A Fundação entrou imediatamente com ação judicial mas a liminar solicitada foi negada e a apelação não foi julgada. Para o articulista, “o que acontece com a Bienal é mais um exemplo da falta de sensibilidade para com o interesse público e o real prejuízo que sua suspensão ou seu desaparecimento representariam para o Brasil.”
Apesar da burocracia, Barbosa acredita no reconhecimento do MinC pelo evento: “Há interesse em que a Bienal de São Paulo seja realizada dentro do calendário previsto. Apesar dos entraves burocráticos, o MinC tem consciência de que sua realização é importante para o desenvolvimento e a projeção do Brasil lá fora, e que ela pode servir para ampliar as perspectivas de intercâmbio cultural com o exterior”.
Esperançoso por uma decisão eficiente dos órgãos oficiais, o especialista finaliza: “Sua suspensão, em decorrência da falta de sensibilidade oficial, seria uma perda irreparável para São Paulo e para o Brasil”.
As bienais se caracterizam por uma amontoado de lixo em nome da arte. A cada 2 anos vamos ao Parque do Ibirapuera na esperança de ver uma exposição com os trabalhos dos nossos artistas e o que vemos é um monte de porcarias, umas com o nome de arte experimental, outras com a finalidade de vanguardismo político, etc, nada que seja efetivamente arte. Um interessado que de qualquer ponto do país saia de carro em visita a ateliês de artistas Brasil afora, fica boquiaberto com a nossa capacidade de criação e esmero estético. No entanto, eles nunca chegam a Bienal. Qual a explicação para a sonegação de nossa arte ao nosso público? Talvez sejam muitas, mas não é demais insistir na ausência de uma elite que tenha real capacitação para isso. E também de uma universidade que só forma deficientes mentais em larga escala.
A Bienal deve ser investigada com profundidade. E nisto devem ser remodelados os critérios. A arte verdadeira sempre se apóia em contrastes. Neste sentido, é natural que pessoas ignorantes publiquem sua falta de senso naquilo que não entendem ou que temem compreender. Tivemos exemplo disto na semana de arte de 22. O sr Pozzobon está certo no q tange ao gritante desrespeito da bienal para com os nossos valores. A Bienal é nossa, precisamos portanto conceder no mínimo, 70% do espaço para os NOSSOS talentos! Eu não sou contra a internacionalização, mas sou ferrenho contra o elitismo desses que se julgam acima da opinião pública. Faltam aspectos práticos: os julgamentos de originalidade não são democráticos, o custo das instalações não corresponde aos mínimos critérios de sua importância real. Penso que a gestão deste patrimônio precisa ser urgentemente renovada. As obras “mais amadas pelo público” precisam acontecer em outros espaços nacionais. E da mesma forma, as que nos constrangem.