A 49ª edição do Millenium Papers, escrita por Rafael Mendonça, discute um dos dilemas centrais das democracias contemporâneas: como garantir segurança sem abrir mão da liberdade. O autor parte da ideia de que segurança e liberdade não são valores opostos, mas dimensões que se reforçam mutuamente. Para isso, ele revisita a evolução do conceito de segurança, que deixou de ser apenas proteção militar para incorporar aspectos sociais, econômicos, ambientais e institucionais — aquilo que organismos internacionais definem como segurança humana.
O paper demonstra como o crime organizado no Brasil se tornou uma ameaça sistêmica a esse conjunto de dimensões da segurança. Facções que controlam territórios, exploram vulnerabilidades sociais, infiltram-se em instituições e financiam atividades ilegais que vão da exploração de ouro à violência armada. Esse fenômeno, argumenta o autor, corroe o Estado de Direito, impede a garantia de direitos básicos e mina a própria capacidade do país de proteger sua população e seu território — ou seja, compromete a própria liberdade.
Por fim, Mendonça discute o debate sobre ações e medidas excepcionais de segurança, mostrando que o liberalismo não recusa o uso da força pelo Estado, desde que amparado por proporcionalidade, controle institucional e limitação temporal. Em outras palavras, enfrentar o crime organizado pode ser — e deve ser — parte de uma agenda liberal de defesa da dignidade e da ordem democrática. A reflexão é fundamental para o Brasil de hoje.
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