De acordo com recente publicação da Swiss Re, uma das maiores resseguradoras internacionais, pela primeira vez na história, o total de prêmios emitidos pelo setor de seguros ultrapassou a casa dos US$ 5 trilhões. O instituto responsável pela análise dos dados coletou informações ao redor do globo e chegou neste número como o resultado da soma mundial do faturamento com seguros.
É importante destacar que é uma ordem de grandeza inédita. Até hoje, a casa dos cinco trilhões de dólares jamais havia sido ultrapassada. Para dar a dimensão de quanto isso representa, é mais do que a soma dos produtos internos brutos da França e do Brasil, duas das maiores economias do planeta, totalizando 6% do produto interno bruto global.
O crescimento foi puxado pela forte demanda por seguros não vida e pelo crescimento moderado dos seguros de vida. O carro chefe foram a China e outros países asiáticos, além dos países desenvolvidos, onde os seguros não vida tiveram bom desempenho.
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Para o ano que vem, espera-se um crescimento da ordem de 3%, com seguros de vida tendo uma participação de 2,9%, bem acima dos índices dos últimos dez anos. Mais uma vez o faturamento será puxado pela China e pelos países emergentes asiáticos. Com suas economias aquecidas, a demanda por seguros tem aumentado solidamente e a tendência deve continuar ao longo dos próximos anos, com previsão de que a Ásia, por volta de 2029, responda por 42% dos prêmios globais. A China, até medos de 2030, deve ultrapassar os Estados Unidos, tornando-se o país com maior faturamento de prêmios de seguros do mundo.
Atualmente, os três maiores geradores de prêmios são Estados Unidos, China e Japão. A China, hoje, responde por 11% dos prêmios e, ao longo dos próximos dez anos, deve dobrar este porcentual e chegar a 20% do faturamento mundial, ultrapassando os Estados Unidos e se tornando a primeira colocada no ranking dos países que mais contratam seguros.
O Brasil aparece entre os 15 primeiros colocados e tem potencial de crescimento para se tornar, por volta de 2030, o oitavo da lista. É um salto impressionante. Guardadas as proporções entre os dois mercados, significa se desenvolver em patamares semelhantes aos chineses.
Isso faz do País uma peça chave na equação de crescimento de longo prazo de vários grupos seguradores internacionais. A questão em aberto é como ele se comportará ao longo dos próximos anos. No curto prazo, em função da crise que devastou nossa economia e feriu seriamente o mercado de trabalho, não somos tão interessantes, o que levou alguns grupos a adiarem sua entrada e outros, a saírem do Brasil.
Sem dúvida, se a reforma da Previdência for aprovada sem grandes modificações no texto votado pela comissão da Câmara de Deputados, será uma sinalização positiva, que tornará a visão internacional sobre o País mais amigável e, consequentemente, mais disposta a investir. E isto vale para o setor de seguros também.
O problema é que a reforma da Previdência não é um plano de governo, mas uma ação com resultados a longo prazo, destinada a garantir ao País um futuro minimamente equilibrado. É preciso mais do que ela e até agora este mais está escondido nas brumas do futuro, o que pode ser uma trava para ações mais concretas a serem feitas por quem tem a possibilidade de investir na Ásia como alternativa de sucesso praticamente garantido.
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De outro lado, as maiores seguradoras do País são companhias nacionais, que não dependem de decisões tomadas fora, nem têm a possibilidade de abrirem filiais na Ásia. Quer dizer, seu campo de atuação é o Brasil e é aqui que elas terão de decidir como e em que ramos de seguros pretendem investir seus recursos e competências.
De acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras, 2019 será um ano morno, em que o setor não deve se destacar pelo desempenho. Mas isso não significa que não seja um ano da maior importância para o desenho futuro da atividade seguradora no País. É agora que várias escolhas precisam ser feitas, até para que as companhias estejam prontas para quando a hora chegar.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”, 15/07/2019