Esqueça a posição hierárquica. A cadeira que um profissional ocupa pode até indicar se ele tem ou não cargo de chefia, mas não é o que o define como líder.
“Na hora de pensar em liderança, o cargo fica em segundo plano. Em empresas como a Amazon, por exemplo, não existe mais a função de diretor ou de superintendente”, diz Tomás Jafet, gerente executivo da Michael Page, consultoria de recrutamento para cargos de média e alta gerência.
Extremamente necessárias aos profissionais que têm como função a gestão de pessoas, as competências de liderança são, muitas vezes, virtudes inatas, mas que também podem ser desenvolvidas, segundo os especialistas.
“Eu diria que 60% da capacidade de liderança vêm da natureza da pessoa e outros 40% podem ser desenvolvidos. Perfis de liderança podem mudar de uma empresa para outra ”, diz Jafet.
Se o jeito de liderar varia de acordo com a cultura da empresa, o momento econômico também tem grande influência. Durante a crise líderes multidisciplinares, naturalmente mão na massa e com foco na eficiência de processos internos são mais necessários.
“Na retomada da economia, algumas características mudam e as empresas buscam quem tem foco em desenvolvimento de negócios, olhar para fora, mais otimista”, diz o gerente da Michael Page. De acordo com ele, 2018 pode trazer boas chances de empregabilidade justamente aos líderes mais experientes e com essas características de expansão. “Em todas as áreas”, diz.
Ele explica que o perfil é mutável mas a chamada liderança sênior, que é o passaporte para qualquer função do alto escalão de uma empresa, passa necessariamente por cinco competências. A lista foi feita pela equipe da Michael Page, com base nas habilidades de liderança mais demandadas pelo mercado.
1. Visão sistêmica
É a habilidade de enxergar o todo da empresa e as partes (departamentos), em sua essência e significado.
Quem tem visão sistêmica focaliza tanto a estrutura e os processos da empresa como também as pessoas envolvidas – entre funcionários, acionistas, parceiros, fornecedores – e obviamente, os resultados do negócio.
2. Influência
Convencer as pessoas a fazer o que deve ser feito depende de poder de influência. Um talento que combina poder interno e percepção dar oportunidades externas para inspirar decisões e atitudes nos outros.
“A inspiração conduz o comportamento dos indivíduos”, diz Jafet.
3.Tomada de decisões difíceis
Líderes que ocupam funções no topo da hierarquia precisam tomar decisões difíceis, de impacto no futuro de pessoas e de projetos. Da demissão de funcionários à definição orçamentária, são diversas as situações complexas de decisão.
“O bom senso deve prevalecer e, ao seu lado, deve estar o compromisso incansável de respaldar cada decisão difícil em números, perspectivas, oportunidades e eventuais riscos. A liderança sênior é a morada da razão, seja em momentos de forte carga emocional ou de aparente tranquilidade de cenário”, diz Jafet.
4. Finanças
Ainda que não seja da área de finanças, um executivo precisa entender sobre orçamento, investimentos e planejamento estratégico se o seu objetivo é administrar e liderar uma empresa.
“É preciso ter a vida financeira da empresa nas mãos, é uma lição de casa, sem prazo de entrega, pois essa gestão é permanente”, explica Jafet. De acordo com ele, é preciso interpretar para além dos números para se chegar ao impacto real de investimentos e despesas.
5. Senso de inovação
Promover a cultura de mudança demanda senso de inovação, habilidade para perceber onde é possível fazer diferente, captar recursos para isso e mobilizar pessoas para esse objetivo.
“Steve Jobs mostrou ao mundo que um presidente de empresa, por exemplo, pode realmente cobrar ou contribuir com o departamento de produtos/engenharia/novos negócios se entender o funcionamento técnico de seu negócio”, diz Jafet.
Fonte: “Exame”
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