No primeiro reencontro com o Congresso após ser chamado de “tigrão” com os pobres e “tchuchuca” com os ricos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou fugir das armadilhas da oposição e traçar uma estratégia de defesa da reforma da Previdência.
Em audiência pública na Comissão Especial, ele alertou que, sem a aprovação da proposta, o País corre o risco de não conseguir garantir o pagamento a aposentados. “É um buraco fiscal que ameaça engolir o Brasil e precisa ser atacado”, disse na quarta-feira, 8.
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Guedes adotou na maior parte do tempo um tom ameno e recorreu a palavras didáticas para explicar a reforma. Mas o clima ameaçou esquentar já no fim da audiência e o ministro precisou ser acudido, pelo menos três vezes, pelo presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), e por deputados do PSL, do presidente Jair Bolsonaro.
Para mostrar a importância da proposta, ele contou com o auxílio do secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que foi deputado federal por três mandatos.
O secretário preparou uma espécie de “vacina” para o discurso da oposição de que a reforma afeta sobretudo os mais pobres. Hoje, segundo Marinho, o sistema atual é injusto porque 15% dos mais ricos acumulam 47% da renda previdenciária. Ele exibiu cálculos que mostram que a economia de R$ 807,9 bilhões esperada com a reforma no INSS em 10 anos recairá sobre 71,3 milhões de segurados – resultando numa economia por indivíduo de R$ 11,3 mil. Já no caso dos servidores federais, a mudança poupará R$ 224 bilhões em uma década, mas o número de atingidos é menor, de 1,4 milhão, e a economia por indivíduo é de R$ 157 mil.
Guedes, por sua vez, tentou convencer os parlamentares de que o regime atual está condenado. “Há 40 anos, tínhamos 14 contribuintes por idoso. Hoje são 7 contribuintes por idoso, e quando filhos e netos dos presentes aqui pensarem em se aposentar, serão 2,3 jovens para cada idoso. O sistema já está condenado à quebra”, disse.
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Ele lembrou que Estados, inclusive os governados pela oposição, enfrentam dificuldades para pagar salários e aposentadorias. Ele voltou a defender a criação de regime de capitalização, uma espécie de poupança individual dos trabalhadores, e disse que as regras de funcionamento desse sistema serão discutidas com o Congresso.
O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse, porém, que o grupo combaterá a capitalização. Segundo ele, mesmo países que optaram pelo regime, como o Chile, já fizeram mudanças no modelo. “Não somos contra por razão filosófica apenas, é porque não dá certo. Não deu certo em lugar nenhum”, disse.
Fonte: “Estadão”