Para controlar melhor a entrada e saída de trabalhadores em uma obra, o Sienge — plataforma tecnológica para a construção civil — instalou catracas com cadastro biométrico. Foi quando encontraram um pequeno problema: anos de trabalho manual apagam as impressões digitais de pedreiros. A solução: trabalhar com uma startup local para controlar a entrada e saída por reconhecimento facial.
“Nós achamos em Belo Horizonte uma startup que trabalha com reconhecimento facial,” contou Fabrício Schveitzer, diretor de Novos Negócios e Inovação do Sienge, a Época NEGÓCIOS. “É uma integração que garante que só acessa a obra quem está com documentação e treinamento em dia. Resultado: conseguiram zerar as notificações com a Justiça do Trabalho.”
O Sienge, fundado em Santa Catarina em 1990, tem mais de 3 mil clientes em todo o país. A plataforma digital da companhia auxilia na gestão de projetos para garantir uma obra eficiente e de custo controlado. As opções incluem contabilidade, gestão de contratos, ativos e controle de mão-de-obra.
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Em tempos de crise econômica, cada vez mais construtoras procuram maneiras mais eficientes de gerir projetos. O setor é um dos mais defasados em produtividade no mundo, segundo pesquisa da consultoria McKinsey, graças à adoção tardia de novas tecnologias. O Sienge, além do auxílio em gestão, também oferece soluções criativas — e tecnológicas — para seus clientes, como no caso do controle da acesso por reconhecimento facial.
“Tudo depende como você enxerga esse copo, meio cheio ou meio vazio,” diz Guilherme Quandt, gerente de marketing do Sienge. “Nós enxergamos um enorme potencial de desenvolvimento tecnológico.”
Como o setor de construção civil é extremamente regionalizado, cada região tem necessidades diferentes. Por isso, o Sienge busca flexibilidade nos modelos de gestão.
“As realidades de custo no Nordeste são diferentes do Centro-Oeste, diferentes do Sul. São problemas com approachs diferentes,” disse Schveitzer. “Essa realidade do mercado de construção cria um problema e uma oportunidade: Como é que a gente cria uma estratégia para permitir que a s empresas consigam criar soluções que melhor atendam elas.”
“O sistema do Sienge é a espinha dorsal tecnológica do cliente,” diz Quandt. “Conforme a demanda, a necessidade e o momento da empresa, (o cliente) conecta o nosso business a ferramentas de produtividade que atendam àquela necessidade de gestão específica.”
As construtoras também têm tamanhos e orçamentos variados, o que significa que uma solução pode não estar no alcance de todas. Para isso, mais flexibilidade é necessária, e o trabalho com startups aumenta. Segundo Schveitzer, o objetivo após encontrar uma solução é trabalhar, ao lado de outras empresas, para adaptar a solução para diferentes realidades.
Eficiência para combater a crise
O PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil cresceu 2% em 2019. O número foi considerado uma vitória no setor, que viu sua produção diminuir em 30% em cinco anos. Apesar do encolhimento do mercado, o Sienge cresceu cerca de 17% em 2019 em relação a 2018. O motivo: a crise tornou a eficiência de gestão algo cada vez mais necessário.
“Vamos ver nos próximos anos a construção civil comprar mais tecnologia,” disse Schveitzer. “Eles começaram a entender que tecnologia é eficiência e controle.”
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Com o setor de construção civil ganhando fôlego novamente, o Sienge projeta um crescimento ainda maior em 2020: 20% em relação a 2019, com mais de R$ 50 milhões investidos em operações e estrutura.
Inteligência artificial na construção civil
O objetivo da empresa é tornar sua plataforma mais acessível. Segundo Schveitzer, um dos gargalos é a escassez de profissionais qualificados para usar o sistema. É onde entra o Sienge Go.
“Vamos tentar eliminar a necessidade de conhecer o sistema,” disse. “Trazer o atrito para o mínimo possível”.
O Go tem como meta usar inteligência artificial para colocar até mesmo quem não tem experiência digital dentro da plataforma.
“É um grande processo de inclusão digital. A gente vai conseguir trazer para dentro do mundo da gestão, uma pá de gente que não ia acessar esse mundo,” afirma Schveitzer.
Fonte: “Época Negócios”