O Brasil enfrenta mais riscos de turbulência nos mercados na eleição presidencial deste ano do que em 2002, quando a liderança de Lula nas pesquisas fez o dólar disparar, criando dúvidas sobre o pagamento da dívida externa e provocando alta da inflação. A opinião é do economista Arminio Fraga, que na época presidia o Banco Central.
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Naquele ano, a cotação do dólar chegou a quase R$ 4, valor que correspon-deria hoje a R$ 7. Ontem, fechou em R$ 4,0529 – sexto dia de alta. “Os mercados vão reagir ao que é dito, a como as coisas são ditas e a quem vai, ao longo do tempo, conquistar a posição de favoritismo no pleito”, disse Arminio ao “Valor”.
O ex-presidente do BC – que diante do cenário negativo de 2002 foi ao FMI alguns meses antes da eleição negociar os termos de um acordo prévio de socorro financeiro, com o aval dos principais candidatos -, admite que as contas externas estão hoje em situação bem melhor, mas diz que o quadro fiscal é muito pior. “Não é um cenário mais provável que o câmbio vá a R$ 7, seria um cenário extremo e exigiria um governo comprometido com o erro”.
Fonte: “Valor Econômico”