Do ponto de vista da segurança no emprego, 2011 foi um ano insólito no Planalto. A presidente da República foi obrigada a demitir sete dos seus ministros – seis dos quais por suspeitas de corrupção e malversação de verbas públicas reveladas pela imprensa.
O que foi chamado, não sem certo exagero, de “faxina” representa um passo importante no restabelecimento de um código de conduta rigoroso para os ocupantes de cargos públicos. Ao mesmo tempo, entretanto, levanta uma questão não menos relevante: de que adianta, afinal, trocar ministros se os seus substitutos forem virtualmente idênticos em termos de valores e capacidade de gestão, devendo o cargo aos acordos de sustentação política do governo e tendo fidelidade apenas a seu partido?
Em outras palavras, de que adianta mudar os titulares se permanecem o sistema básico de loteamento do governo e seu aparelhamento com duas dezenas de milhares de companheiros mal qualificados?
Essas perguntas conduzem-nos, inevitavelmente, a duas conclusões fundamentais. Primeiro, e principalmente, fica claro que já passou da hora de mudar o sistema cujo funcionamento propicia todas essas distorções. Pois não é admissível que um país do tamanho, complexidade e nível de desenvolvimento do Brasil continue sendo administrado por caciques políticos sem preparo, competência ou conhecimento especifico, muito mais empenhados em fortalecer suas máquinas partidárias para a próxima eleição do que em preparar o país para a próxima geração.
Para que serve a tão decantada base aliada (que começou o ano com cerca de 80% das cadeiras no Congresso Nacional) se não for para fazer as reformas básicas tão essenciais e tão proteladas há mais de nove anos?
Sem querer aliviar em um grama sequer o peso da primeira conclusão, é preciso admitir que não é nem justo nem inteligente atribuir todos os problemas nacionais a um punhado de políticos em Brasília. É ingênuo acreditar que bastaria aprovar algumas leis adicionais para resolver todos esses desvios.
Isso nos leva à segunda e fundamental questão: a relação básica de cada um de nós, brasileiros, com a ética no cotidiano. Como podemos pretender ter governantes comportando-se eticamente se nós, que os elegemos, não nos preocupamos com isso ao “dar um jeito” aqui, pagar uma comissão ilegal ali, sonegar um pouquinho acolá e fazer uma ou outra contribuição “não contabilizada” a essa ou aquela campanha? Como exigir que na esfera federal o governo seja eficiente e honesto se fechamos os olhos aos maiores descalabros nos âmbitos municipais e estaduais? Como exigir que os culpados pelos “malfeitos” sejam punidos se o Judiciário continuar demorando anos e anos para julgar praticamente qualquer caso e, no fim, absolver a esmagadora maioria dos corruptos que tiveram bons advogados?
Evidentemente, é muito mais fácil formular essas perguntas do que fazer as mudanças necessárias. Mas, enquanto não nos empenharmos em cumprir as nossas promessas, dar o exemplo aos nossos filhos, cobrar as explicações necessárias dos nossos governantes, manifestar a nossa insatisfação na imprensa, na internet e nas ruas e passarmos a nos comportar como verdadeiros cidadãos responsáveis pelo país em que queremos viver, podemos ter a certeza de que muito pouco vai mudar – e, mesmo assim, muito lentamente.
Como sempre, as grandes mudanças dependem e começam em cada um de nós. Elas são, no fim, a soma do nosso empenho e esforço individuais.
Fonte: Veja, 28/12/2011
Bem, vindo de quem vem, esse título de matéria só pode ser piada. O que precisa mesmo é responsabilidade de todos os agentes políticos, principalmente da imprensa.
A acusação feita por uma “imprensa” (aqui representada por um “dono” dela)que censura o livro mais vendido do país (provavelmente por envolvimentos com as acusações no mesmo), e que , não permite direito de respostas como em qualquer lugar do mundo, não deve ser levada a sério.
Democracia já.
Fiz esse mesmo comentário no dia 07 de novembro e fico muito feliz ao perceber que penso igual a pessoa tão ilustre e importante a nação, por sua representatividade e por seus relevantes serviços, prestados a nação através da imprensa.
Texto muito valioso.
Mário Celso de Moraes-SP
Perspicácia é um ótimo atributo da pessoa, valorizamos muito mais aquilo que nos faz sentido,num país como o Brasil, quase apolítico,o sentido da política é paradoxal à sua nobre finalidade.
para que ministro no desgoverno da dilma , agora mais um escanda-lo no ministerio de dila integração social fernando bezerra 90% para pernanbuco para eleger para prefeito a dilma em 1 ano nesse governo não sabew o que os ministro dela anda aprontando coisa feia sergio cabral diz que e parceiro do ministro da integração ate hoje 70 milhoes destinado ao rio de janeiro sem reconstrução de friburbo a corrupção esta correndo froxa
Não podemos permitir que em pleno desenvolvimento econômico brasileiro sejamos administrados por “políticos ” preocupados prioritariamente com o fortalecimento de máquinas partidárias. É urgente a competência do gestor, em todos os níveis, principalmente no Congresso Nacional. Gilmar Drago- Porto Alegre.