Os liberais já não são tão poucos no Brasil. Os anos de lulopetismo, dentre as tantas e tantas mazelas institucionais que nos logrou, também abriu espaço para o seu antídoto: que as ideias pró-liberdade prosperassem. Não são poucos hoje os movimentos, coletivos, think tanks e demais organizações civis empenhadas em construir um país mais aberto e mais livre.
Nem sempre foi assim. Ao longo da nossa conturbada História, as ideias liberais foram abraçadas e defendidas por poucos. Quase sempre “pregando” em solo infértil, esses solitários viram tomar corpo um capitalismo de laços preguiçoso e cheio de vícios. Por aqui, o empresário cresce se associasse ao déspota de plantão tendo acesso aos juros subsidiados dos bancos públicos e às licenças do setor público.
O ato corajoso e disruptivo de inovar, presenteando consumidores com melhores produtos vendidos a preços baixos, é assolapado pela burocracia. Quando não por restrições explícitas, de modo a atender ao lobby desse ou daquele empresário estabelecido, cheio de políticos em sua agenda telefônica. Quando não em suas planilhas…
Esse capitalismo de laços preguiçoso e cheio de vícios foi e, acredite o leitor, ainda é defendido por nossos economistas alternativos, mesmo depois do desastre que foi o lulopetismo e a Nova Matriz Econômica. Eles continuam pregando o controle de preços, como juros e câmbio, como motores para o crescimento econômico. Mas, façamos a mea culpa, não foram treinados para dar atenção à evidência empírica, mas sim à meia dúzia de bíblias.
Veja mais
O que é capitalismo de Estado?
Chegou a vez dos liberais?
Como deve ser o Estado idealizado pelos liberais?
A novidade, leitor, é que esse equilíbrio ruim entre economistas alternativos, políticos populistas e empresários preguiçosos ganhou as páginas policiais com o advento do mensalão e, agora, com a lava jato. A sociedade assiste ao enredo todos os dias em horário nobre. Enquanto escolas e hospitais caem aos pedaços, políticos e empresários são flagrados com malas de dinheiro para lá e para cá.
Distante desses conchavos, está o pequeno empreendedor. Veja, por exemplo, o sucesso da figura do microempreendedor individual (MEI). São milhões de trabalhadores cheio de sonhos, que acordam cedo e vão dormir tarde. Milhões de pequenos negócios que, se tivessem acesso a crédito e qualificação, poderiam se tornar enormes, resolvendo diversos problemas da sociedade, dando emprego a outros tantos trabalhadores. Mas as escolas estão interditadas por ideias do século XIX e o crédito barato só está disponível para os amigos do Rei.
O refúgio desse Brasil empreendedor, que não tem acesso à estabilidade no emprego, está, portanto, nas ideias liberais, antídoto definitivo para o capitalismo de laços. As ideias pró-mercado floresceram ao longo da última década, dando origem a diversos movimentos de coloração liberal. A coisa é tão irreversível que chegou até ao caduco sistema partidário, dominado por legendas anticapitalistas que referendam aquele equilíbrio ruim.
Os liberais, leitor, acreditam firmemente no poder do indivíduo como gerador de riqueza. Vê no Estado o garantidor último das liberdades individuais e da igualdade de oportunidades. Os liberais, ao contrário do que propagandeia a militância contrária, não acreditam em Estado mínimo, mas em um Estado que funcione. Para que isso ocorra, precisa se concentrar em poucas funções. Afinal, como pode o Estado dar segurança e justiça, garantindo toda a sorte de liberdades e ofertar saúde e educação quando está envolvido com a produção de petróleo ou com a entrega de cartas?
Hoje, graças ao lulopetismo, ficou fácil demonstrar o argumento para a sociedade. Privatizar empresas estatais implica em libertá-las das mãos de políticos e empresários preguiçosos. Os tais setores estratégicos, puerilmente defendido por nossos economistas alternativos que não sabem lidar com a evidência empírica, só serviram para encher malas e cuecas de políticos. Em nada contribuíram para o bem-estar da população, seja porque impediram a oferta de serviços de qualidade, seja porque nos lograram serviços ruins com preços elevados.
Diante disso, leitor, o caminho está aberto para que nosso país, enfim, deixe para trás as ideias dos nossos economistas alternativos e se concentre na construção de um novo equilíbrio. Nesse, as pessoas são incentivadas a estudar e a poupar, as empresas são levadas a inovar e o Estado a cumprir suas funções básicas, garantindo liberdades e minimizando desigualdades de oportunidades, por meio de sistemas eficientes de saúde e educação. Como se vê, portanto, o futuro é promissor.
No Comment! Be the first one.